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ANTOLOGIA
------------Manuel Bandeira
A vida
Com cada coisa em seu lugar
Não vale a pena e a dor de ser vivida.
Os corpos se entendem mas as almas não.
A única coisa a fazer é tocar um tango argentino.
Vou-me embora p’ra Pasárgada!
Aqui não sou feliz.
Quero esquecer tudo:
— A dor de ser homem...
Este anseio infinito e vão
De possuir o que me possui.
Quero descansar
Humildemente pensando na vida e nas mulheres que amei...
Na vida inteira que podia ter sido e que não foi.
Quero descansar.
Morrer.
Morrer de corpo e alma.
Completamente.
(Todas as manhãs o aeroporto em frente me dá lições de partir.)
Quando a Indesejada das gentes chegar
Encontrará lavrado o campo, a casa limpa.
A mesa posta,
Com cada coisa em seu lugar.
O título da postagem está entre aspas porque se trata de um verso de Carlos Drummond de Andrade: "Ontem, hoje, amanhã: a vida inteira,/ teu nome é para nós, Manuel, bandeira".
Konstantinos Kaváfis
Não me deixei prender. Libertei-me de todo e fui
em busca de volúpias que em parte eram reais,
em parte haviam sido forjadas por meu cérebro;
fui em busca da noite iluminada.
E bebi então vinhos fortes, como
bebem os destemidos no prazer.
Tradução de José Paulo Paes diretamente do grego, ou melhor, do neogrego, o grego coloquial herdeiro da koiné (a língua comum). Kaváfis nasceu em 1863 e morreu em 1933 em Alexandria no mesmo dia e mês, 29 de abril.
Konstantinos Kaváfis/ Poemas. seleção, estudo crítico, notas e tradução por José Paulo Paes. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. 1990. (Coleção Poiesis)
A revista Verbo21 de novembro traz uma entrevista com o escritor Aramis Ribeiro Costa, respondendo ao poeta Luís Antonio Cajazeira Ramos. http://www.verbo21.com.br
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades...
Camões