sexta-feira, 4 de julho de 2008

CREDO I


Manuel Anastácio


Creio num só corpo,
Numa só onda,
Numa só corda,
Num só fim.

Creio, acredito
No sal bendito das lágrimas
Na concreta nudez
Da limpidez das águas
Na urgência do florir da terra
E em cobrir telas e folhas brancas
Com as transparências em que acredito.

Creio,
Num só grito.
Num só corpo,
Numa só onda,
Numa só corda.

E, por fim,
Num só múltiplo princípio.


Manuel Anastácio é um poeta português que vem nos encantando, seja pela firmeza de sua poesia, de cada verso logrado, de cada palavra escolhida, seja pelo que resulta em nós após cada leitura: aquele algo indizível, apenas reconhecido e aplaudido. Ele assina o blog Da Condição Humana: http://literaturas.blogs.sapo.pt/, ou diretamente com entrada nos meus favoritos.
A foto é “Uma furtiva lágrima”, de Silvia de Luque, retirada do Flickr.
Também retirada do Flickr foi a foto que ilustra o poema de Gláucia Lemos, “O Tigre”, intitulada “Tarde de outono”, de Tatiana.