
Carlos Vilarinho
Toda manhã
Quando nasço.
Fico inquieto,
Preso ao laço
De uma atmosfera juvenil.
Não, não me embaraço,
Somente crio semente ambulante
E tomo espaço.
À tarde, já envelhecido.
Alquebrado e carcomido.
Leio figuras e imagens
Em sonho sonâmbulo
De outros personagens.
À noitinha, de madrugada
Sem dormir e medicado
Sinto-me ontem,
com saudade e já delicado.
Cochilando de olho aberto
À espera de Caronte.
Carlos Vilarinho tem um livro de contos, está escrevendo um romance, mas também sentiu a poesia que está no ar. Será o inverno?
Foto Lukas Jakobczyk - Caronte, por brightonsinger, do Flickr.