sexta-feira, 23 de abril de 2010

ILUSÕES DA VIDA


Gerana Damulakis

Os poemas do romantismo brasileiro não costumam me envolver, mas seria algo típico de juízos apressados generalizar e rapidamente engessar opiniões e colocar rótulos. Não costumam me envolver, pois que seus versos são derramados em demasia, contudo e ainda assim não me conformo e encontro valores: nada é apenas isto, ou apenas aquilo. O poema "Ilusões da vida", de Francisco Otaviano (1825-1889) vale ser decorado, citado e declamado. E vale ser lembrado, até para nosso uso cotidiano. Sem romantismo.

ILUSÕES DA VIDA
----------Francisco Otaviano

Quem passou pela vida em branca nuvem,
E em plácido repouso adormeceu;
Quem não sentiu o frio da desgraça,
Quem passou pela vida e não sofreu;
Foi espectro de homem, não foi homem,
Só passou pela vida, não viveu.



Ilustração: Detail from The Dreaming Youths - Sleeping Girl, Oskar Kokoschka.