quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

MINHAS LEITURAS PREFERIDAS EM 2008











Gerana Damulakis


A minha fixação pela leitura deveria suscitar mais um pouco de ordem ao meu redor, tal como a elaboração de uma lista com os livros lidos a cada mês. Não fazendo deste modo, acabo encerrando o ano com a lembrança mais imediata dos títulos lidos já nos últimos meses. A conclusão é a de que sou uma pessoa repetitiva haja vista a presença do escritor Ohran Pamuk mais uma vez (estou segura de que ele estava na minha lista de 2007 com, pelo menos, Istambul) e agora com O livro negro. A grande descoberta foi o Nobel de Literatura de 2008, Jean-Marie Gustave Le Clézio, com os títulos Peixe dourado e O africano (ainda estou lendo A quarentena), os quais me permitem dizer de seu estilo: um estilo fascinante, levando o ato da leitura a assemelhar-se a um voo espetacular. A literatura japonesa segue me encantando e o destaque entre as leituras feitas fica com Kokoro, de Natsume Soseki. Meu autor de cabeceira, José Saramago, com A viagem do elefante, brindou de novo seus leitores. O modo como Arthur Schnitzler plasma seu interesse pela natureza humana está bem intenso em Crônica de uma vida de mulher (romance traduzido em 2008), talvez mais intenso do que em Breve romance de sonho, ou em Aurora, ou mesmo em A senhora Beate e seu filho. Eu disse que a descoberta do ano foi Le Clézio, mas a prosa inventiva de W. G. Sebald, que já havia me conquistado com Os anéis de Saturno e Os emigrantes, me deixou estarrecida e, de uma sentada, li este ano Vertigem e Austerlitz, duas maravilhas da prosa.
Entre nós, o romance premiado de Gláucia Lemos, Bichos de Conchas, proporcionou um orgulho para todos os seus leitores e os seus amigos, porque vibramos com o prêmio. E agora, sabendo que muitos me rotularão de praticante do cabotinismo, vou enfatizar a emoção surgida da leitura das histórias essenciais de Reportagem urbana, de Aramis Ribeiro Costa: seus contos habitam imediatamente a nossa mente, que sempre fica ávida por mais. É sempre assim quando Aramis publica mais um volume de contos.
Porque a literatura não tem compromisso com mensagem, ou com ajudar nas transformações que julgamos necessitar para nossas vidas; ela tem que envolver, que cativar e, enfim, despertar aquele prazer único, o prazer estético.