sexta-feira, 30 de outubro de 2009

JORGE LUÍS BORGES: MOMENTO DE RUPTURA

Gerana Damulakis


Talvez se possa atribuir a Flaubert a inauguração de uma importância até então não corriqueira, ou seja, a importância da figura do escritor, haja vista Flaubert escrever e testemunhar tal ato num mesmo texto.
Talvez se possa atribuir a Proust a (re)criação de um mundo real com as palavras através de um perfeito equilíbrio com a própria ficção.
Agora não há talvez. Certamente se pode atribuir a Jorge Luís Borges um ponto de ruptura, dada sua narrativa ensaística: verdadeiro ato que tirou as algemas das possibilidades literárias, permitindo que alcançassem seus voos.
Eis o momento: as narrativas podem ser classificadas de ensaios, livros de viagem, memórias ou autobiografias, como sempre foram. A diferença está, enfim, em serem englobadas como grandes romances. Exemplos? Os textos de W. G. Sebald (1944-2001), de Claudio Magris (1939- ), para ficarmos apenas com dois escritores. Há outros. Muitos.


Ilustração: litografia "Relativity", de M. C. Escher, de 1953.