segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

COSTA DO DESCOBRIMENTO: MEMORÁVEL

DAS COISAS MEMORÁVEIS
Antonio Brasileiro

Um dia o mundo inteiro vai ser memória.
Tudo será memória.
As pessoas que vemos transitar naquela rua,
as gentis ou as sábias, ou as más, todas,
todas.
E o mendigo que passa sem o cão,
o ginasta, a mãe, o bobo, o cético, a turista.
Deus, inclusive, regendo o fim das coisas
memoráveis, também será memória. Deus
e os pardais.
E os grandes esqueletos do Museu Britânico.
Todo sofrimento será memória. Eu, sentado aqui,
serei só estes versos que dizem haver um eu
sentado aqui.


De Poemas Reunidos (Secretaria da Cultura e Turismo, FUNCEB, 2005 - Coleção Selo Editorial Letras da Bahia).
Este poema de Antonio Brasileiro foi dito em voz alta por James Amado na sessão de saudade a Jorge Amado, na Academia de Letras da Bahia. É um poema que habita em mim: cada verso ganhou seu lugar memorável.
Foto: ARRAIL D'AJUDA, na Costa do Descobrimento, Bahia.
Crédito: Sactur Porto Seguro

AH, DRUMMOND!


Eu não devia te dizer
mas essa lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo.


Última estrofe do "Poema de sete faces", de Carlos Drummond de Andrade, em Alguma poesia.