sexta-feira, 23 de julho de 2010

A VOZ DO DESEJO


James Joyce considerava seu romance Ulisses um livro sobre o homem comum e, ainda, um livro para o homem comum.
Interessante a constatação de Brenda Maddox, biógrafa de Nora Joyce (mulher de James Joyce), quando acrescenta que Ulisses é também um livro para a mulher comum, além de "ter dado a seu país e a seu século a voz do desejo feminino", haja vista o inesquecível monólogo de Molly Bloom, no final do romance. Indo mais adiante, Maddox constata que o monólogo de Molly antevê um século de vozes femininas e transpira sensualidade.
Lembrando que Ulisses traz uma variedade de estilos, um estilo para cada capítulo, o trecho abaixo é um exemplo dessa peculiaridade.

Gostaria que um homem ou outro me pegasse alguma vez quando estivesse por perto e me beijasse em seus braços não há nada como um beijo demorado e quente até a alma quase nos paralisa.
Molly Bloom, trecho do monólogo, in Ulisses, de James Joyce

Ilustração: de Egon Schiele (1890-1918).