quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

NATAL

Manuel Anastácio


Há natáis que pedem poemas.
Outros não.
Os que pedem, pedem
Poemas de luz celeste em terra escura.
Outros não.
Os que pedem, pedem
Sofrimento em grossos traços de doçura.
E em gritos no tom que eclode
No peito frágil que enfim respira.

Outros não pedem.
Não podem. Não querem. Não são.
Outros não.

Há natáis que pedem o segredo
Que a luz aos sábios segredou
E que em caixinhas guardados
Em ouro, incenso e mirra se disfarçou.
Um traz silêncio, que ele dorme.
Um traz aviso, pelo perigo.
Outro, novidade, que o menino ignora.
Porque é de poema o sobreaviso, o aviso e a demora.
Ou não.



Manuel Anastácio é o poeta que assina o blog Da Condição Humana, cuja entrada pode ser feita pelos meus "Favoritos", ou com o endereço: http://literaturas.blogs.sapo.pt/

Foto do Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, de Sweet Painting, retirada do Flickr.