quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

A PERDA DE MYRIAM FRAGA PARA TODOS NÓS




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Gerana Damulakis

A perda de Myriam Fraga para a cultura baiana, primeiramente para a poesia baiana, é imensurável.
E também a saudade, que vai aumentando e logo será imensurável quando chegarem as ocasiões e os momentos nos quais certamente Myriam estaria e já não estará.
Simplesmente estou arrasada com a morte de Myriam. Falei com ela alguns dias antes, jamais pensei que seria a última vez.
Foi uma ótima pessoa e foi a nossa poeta. Inesquecível, para mim, um fato entre tantos: fomos para o Rio de Janeiro por conta de uma Bienal. Do aeroporto tomamos o caminho do shopping da  Gávea e na livraria da Travessa - Aloísio havia colocado o livro de Myriam na vitrine - compramos nossos exemplares de Omeros, do poeta Derek Walcott, que havia recebido o Nobel de Literatura. Depois jantamos strogonoff. No dia seguinte, no táxi rumo ao local da Bienal, ela disse que havia lido o livro de Derek durante a noite e,  maravilhada, resumiu: "A síntese, a síntese!". Tal exclamação ficou dentro de mim.
Já doente, ela não conseguiu assistir a minha posse na ALB. Pelo telefone, emocionada, chorou e disse jamais ter imaginado não participar da minha posse, logo ela que, muitas vezes, fazendo contas dos votos que Fulano ou Beltrano teriam nas eleições, sempre contava com meu voto e eu precisava lembrar: "Myriam, eu não sou acadêmica". Então me respondia que, para ela, é como se eu já fosse sua confreira.
Fizemos parte de várias comissões para avaliação de originais nos últimos 20 anos; a última, no ano passado, foi a do Selo João Ubaldo Ribeiro, da Fundação Gregório de Mattos.
Muitas recordações. E muita poesia de primeira: a poesia de Myriam Fraga, sempre.