sexta-feira, 5 de junho de 2009

LEMBRANDO DAS SINGULARIDADES DE UMA RAPARIGA LOIRA

E DA ARTE PARA INICIAR UMA PROSA

Gerana Damulakis

Certa vez escrevi aqui sobre o primeiro parágrafo de Anna Kariênina, de Tolstói, por conta de ser ele o mais interessante começo de romance: “Todas as famílias felizes se parecem, cada família infeliz é infeliz à sua maneira”, na tradução de Rubens Figueiredo para a edição da Cosac Naify.
Sempre trocando ideias com Aramis e sempre constatando e confirmando seu imenso cabedal literário, ele (que também tem muita leitura e muita memória) desfilou o início do conto de Eça de Queiroz, “Singularidades de uma rapariga loira” (loira com "i", mais bonito do que loura), que eu simplesmente adoro:
“Começou por me dizer que o seu caso era simples – e que se chamava Macário...”
Iniciar um texto de ficção - conto, novela ou romance - é equivalente a elaborar um convite, exige que o desejo de persuadir o leitor seja posto em ação, o que, de saída, exige também conhecimento, ou seja, leitura. Para transformar o talento em arte no papel é preciso ler muito. Estou convencida de que todo escritor deve ser, antes de mais nada, um grande leitor. É apenas a minha opinião. Que seja.