sexta-feira, 29 de outubro de 2010

VI UMA ARANHA SILENCIOSA E PACIENTE


Gerana Damulakis

Walt Whitman (1819-1892) sempre me lembra Ezra Pound - amanhã direi a razão, muitos sabem sobre a associação entre os dois poetas -, porque hoje quero colocar um poema que é uma grande metáfora. Whitman nos mostra um outro modo de pensar a dominação, a conquista, a guerra. Resta sentir, verso a verso.


VI UMA ARANHA SILENCIOSA E PACIENTE
----------------Walt Whitman


Vi uma aranha silenciosa e paciente
Isolada num pequeno promontório
Que, para explorar os amplos e desertos arredores,
Emitia filamentos e filamentos e filamentos de seu próprio
------------corpo,
Desenrolando-os sempre, sempre velozmente.
Também tu, ó minha alma, aí onde estás, esperas
Cercada, desgarrada, em imensuráveis oceanos de espaço,
Incessantemente divagando, especulando, procurando
-------------esferas para a conexão,
Até que a ponte de que precisas se forme, que a âncora
-------------maleável se encrave,
Que o fio da teia que lances a algo se entrelace, Ó minha
-------------alma.


Tradução de Jorge Wanderley.

7 comentários:

silvia zappia disse...

gran metáfora la araña de Whitman.
la dominación es paciente.

(así que te recuerda a Ezra? ya sabré por qué)

besitos*

Marcantonio disse...

Esplêndido!

Uma bela sequência de posts! Que bom!

dade amorim disse...

Têm mesmo coisas em comum, Ezra e Whitman. E o poema é uma beleza, além de me trazer de volta Jorge Wanderley, meu professor e amigo.

Beijo.

Unknown disse...

silencio, paciencia e afã, não necessariamente nessa ordem,


abraço

Sueli Maia (Mai) disse...

A insidiosa espreita, a tecitura do domínio.

bela escolha.

João Renato disse...

Muito bonito, Gerana.
Acho que Whitman constrói poemas difíceis com uma clareza total.
Quem comece a ler esse poema jamais imaginaria aonde ele queria chegar.
E ele fecha o poema.
JR.

Jefferson Bessa disse...

Whitman se espalhando e se entrelaçando por todos os lados. Alma que tece incessante. Leio sempre. Linda postagem. Beijos.nando e entrala