sexta-feira, 29 de outubro de 2010

UM DIA E UM POEMA


Gerana Damulakis

Meu primeiro choque com a literatura foi com os versos de Manuel Bandeira. Sim, foi um choque. Habituada aos livros porque a biblioteca da minha casa era enorme e livros eram objeto de conversas cotidianas, eu já andava com fumaças de leitora desde a tenra idade de 7 anos, mas aquela coisa que me deixou estupefata e cuja sensação ainda guardo comigo, esta foi causada pelos versos de Bandeira. Queria muito saber qual era o poema. Lembro da sala de aula, lembro da carteira escolar, lembro do livro de gramática da língua portuguesa, lembro que estava folheando e parei naquele poema e tomei um choque e entendi. Cada vez que leio a poesia de Bandeira (e leio sempre, pois que me faz falta se levo algum tempo longe dos seus livros), penso se estou lendo justamente aquele poema. Nunca saberei qual foi, já que são tantos os versos, as estrofes, os poemas de Manuel Bandeira que amo.
Minha memória está repleta de versos próprios para cada momento. Agora, sei que nunca terei a certeza de qual poema me fez mergulhar sem volta para o mundo da poesia. O que me resta? Como escreveu Bandeira:
"A única coisa a fazer é tocar um tango argentino".

2 comentários:

Francine Ramos disse...

Adorei saber do seu primeiro choque! O meu foi com Virginia Woolf e, assim com você, também não lembro o trecho exato, tampouco o livro... Mas foi numa biblioteca, folheando um livro sobre sociologia. Não me pergunte por que, mas havia um trecho de V. Woolf lá e então toda a minha mudou. rs

Um beijo

João Renato disse...

Sempre que leio "O Cacto", eu sinto um choque.
Choque das coisas que me seduzem sem que eu entenda porque.
JR.