quarta-feira, 28 de maio de 2008

O TANTO QUE NÃO FOSTE


Gláucia Lemos




E agora que te trago como rastro amargo

nessa viagem sem verões nem pássaros,

sinto que como chuva,

eras.

Eu te viajava como espaço,

como terra,

como garças em bando,

como plenilúnio e maré cheia

e lago a transbordar.



Eras vida, sendo lua e eclipse.

Eu te conhecia

como marfim aos dedos no piano,

como algas à areia,

como penumbra à véspera da luz.



E agora, que te trago mero rastro,

vou.

Viagem sem verões,

sem marés

e sem pássaros.





Gláucia Lemos é ficionista premiada e tem mais de 20 títulos publicados. Mas, além disto, ou, talvez, exatamente por isto, é também poeta.Foto Graças cinzentas por jvverde, retirada do Flickr.

3 comentários:

Anônimo disse...

Parece que estamos todos tomados pelo amor. Também este é um poema do porte de um sentimento como o amor.

Anônimo disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Gerana Damulakis disse...

Seus versos estão apaixonantes!