Gerana Damulakis
A João Cabral de Melo Neto
Imagens procuradas por
imagens atropelam-se
como ondas em vagalhões
ou sinos num turbilhão.
No oposto da vegetação,
o esforço é para domar
o nada, deserto em canção,
excluída a magia da fada.
O que não encontro
no significado de uma
lâmina, faca sem cabo,
é o que entendi da lama.
Do homem da lama,
tirando, da lama mesma,
a luta oriunda da chama,
já essa lama não é só lama.
Que essa lama é emblema
da força que força a lutar
no silêncio que clama
vencer, da lama sair; voar.
De Guardador de mitos (Edição do autor, 1993).
2 comentários:
Não creio que o poema possa refletir a poeta. Cabral era seco, já os ensaios da Gerana Damulakis que acompanho, sempre foram apaixonados. Como pode essa admiração por Cabral?
Nada disso, Cabral é seco na primeira leitura. Ele pede que se busque nas entrelinhas. Leia Cabral de forma mais aberta. Depois, me diga. Vc vai se apaixonar. Leia, por exemplo, "Tecendo a manhã".
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