sexta-feira, 23 de julho de 2010

A VOZ DO DESEJO


James Joyce considerava seu romance Ulisses um livro sobre o homem comum e, ainda, um livro para o homem comum.
Interessante a constatação de Brenda Maddox, biógrafa de Nora Joyce (mulher de James Joyce), quando acrescenta que Ulisses é também um livro para a mulher comum, além de "ter dado a seu país e a seu século a voz do desejo feminino", haja vista o inesquecível monólogo de Molly Bloom, no final do romance. Indo mais adiante, Maddox constata que o monólogo de Molly antevê um século de vozes femininas e transpira sensualidade.
Lembrando que Ulisses traz uma variedade de estilos, um estilo para cada capítulo, o trecho abaixo é um exemplo dessa peculiaridade.

Gostaria que um homem ou outro me pegasse alguma vez quando estivesse por perto e me beijasse em seus braços não há nada como um beijo demorado e quente até a alma quase nos paralisa.
Molly Bloom, trecho do monólogo, in Ulisses, de James Joyce

Ilustração: de Egon Schiele (1890-1918).

sábado, 17 de julho de 2010

A SÍNDROME DE STENDHAL

Gerana Damulakis

A literatura e tudo que envolve tal arte e seus artistas, tudo, enfim, acaba compondo um outro mundo: somos levados a esse mundo, incluindo suas curiosidades.
Aqui vai uma: a síndrome de Stendhal - o autor do genial O vermelho e o negro e do igualmente clássico A cartuxa de Parma - teve origem na descrição feita pelo escritor para registrar sua reação diante dos afrescos de Giotto na capela da igreja de Santa Croce, em Florença:
Absorvido na contemplação da beleza sublime (...) cheguei ao ponto em que se tem sensações celestiais (...). Tudo falou de modo muito vívido à minha alma.
Várias histórias, no começo do século 19, narravam sobre pessoas que desmaiavam diante da beleza artística de Florença. A síndrome foi nomeada, então, Síndrome de Stendhal, mas isso só se deu em 1979, por conta de uma psiquiatra italiana, Graziella Magherini, depois que analisou mais de uma centena de casos, desde ataques de pânico, até acessos de loucura temporária. Culpa da beleza extremada da cidade, dos afrescos de Giotto, ou produto da sugestão dada pelas palavras de Stendhal?


Ilustração: Giotto, dia da ascensão do evangelista João, capela Peruzzi da basílica da Santa Cruz, em Florença.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

PALAVRAS DE ALMADA NEGREIROS

AS PALAVRAS

O preço de uma pessoa vê-se na maneira como gosta de usar as palavras. Lê-se nos olhos das pessoas. As palavras dançam nos olhos das pessoas conforme o palco de cada um.
Almada Negreiros

CENTENÁRIO DAS PALAVRAS

Todos os dias faz anos que foram inventadas as palavras. É preciso festejar todos os dias o centenário das palavras.
Almada Negreiros

Ilustração: Acrobatas, de Almada Negreiros (1893-1970).

quarta-feira, 14 de julho de 2010

QUINTA-FEIRA, DIA 15: ARAMIS E CARLOS NA ALB


Neste julho, o Encontro Literário da Academia de Letras da Bahia será na quinta-feira, dia 15. Os escritores: Aramis Ribeiro Costa e Carlos Barbosa. Comentários: Ângela Vilma e Janaína Amado.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

ÂNGELA VILMA: POEMAS PARA ANTONIO


Ângela Vilma lançará Poemas para Antonio (P55 Edições, 2010). A poesia de Ângela tem base na memória. Ângela é uma escritora que registra todos os instantes da vida e, depois, seja na poesia, seja na prosa, tais instantes ganham outra vida. Uma prévia:


FERROVIA

Ângela Vilma


Ele vestia uma camisa de listras.
E passou o nariz nas minhas costas.
Eu no seu colo, como se fosse filha.

Nua, meu vestido me despia.
E as mãos dele na minha cintura cindiam
As veias entorpecidas naquele dia.

Era dura a sua calça, de um jeans antigo
E acolhia minhas nádegas como trilhos
De uma ferrovia – áspera e descalça.

Era farta a sua promessa, entrega ávida
Nos dedos que invadiam meus cabelos,
Apagando e escrevendo poemas velhos.

Era mesmo de graça o momento eterno
Que eu registrava com meu corpo no seu colo,
Asfixiando a morte, os demônios, o mundo todo.

Visite o blog http://angelaemonica.wordpress.com/ sobre o lançamento dos livros de Ângela Vilma e Mônica Menezes na Coleção Cartas Bahianas.

domingo, 11 de julho de 2010

MÔNICA MENEZES: ESTRANHAMENTOS


Mônica Menezes lançará Estranhamentos (P55 Edições, 2010), um livro de poemas realizados sob o poder da sensibilidade. Poeta sensível, pois, que absorve a vida, cada detalhe da vida, e faz versos líricos sobre a realidade e sobre os sonhos.



SONHO DE BAILARINA

Mônica Menezes

da caixa onde vivo
não posso alcançar o teu beijo
e guardo-me encolhida
os braços enlaçando as próprias pernas
os lábios comprimindo o desejo
já faz muito tempo
e esta caixa é minha única sina
mas noites a fio
(esgarçando os dedos de menina)
entremeio cristais e seda fina
e um diáfano vestido teço
para o sonho de ser bailarina

Visite o blog http://angelaemonica.wordpress.com/ sobre o lançamento do livro Estranhamentos, dia 3 de agosto, na Livraria Tom do Saber, no Rio vermelho.

DUAS POETAS E O BLOG DOS LIVROS


Duas poetas terão seus livros lançados pela P55, na Coleção Cartas Bahianas, no próximo dia 3 de agosto. Para tanto, Marcus Gusmão criou o blog http://angelaemonica.wordpress.com/.

No blog "Ângela e Mônica" há entradas fornecendo prévias dos livros Poemas para Antonio e Estranhamentos, respectivamente de Ângela Vilma e Mônica Menezes. Além de, através do blog, ser possível registrar sua compra antecipada.

Ao longo dos dias seguintes, farei aqui postagens especiais com as duas poetas porque, seguramente, são duas poetas de primeira.

Foto: Mônica Menezes e Ângela Vilma estão nas pontas. No centro, Lidi (em pé) e eu.