Marcelo Torres
A música mais tocada nas rádios, nas casas, nos carros e nos trios elétricos de Salvador é uma obra de arte chamada Rebolation (baianamente cantada como o “reboleichon”), que é de um grupo de pagode de nome bastante sugestivo - Parangolé.
E não é só na Bahia que o Rebolation do Parangolé está bombando, é em todo o Brasil. Essa pérola musical, obra-prima da novíssima poesia baiana já soma nada menos que 1,5 milhão de buscas no Google - Google que hoje é a palavra da salvação.
Para você ver que o rebolation não é pouca coisa, a imagem dessa dancinha no Youtube já foi acessada 586 mil vezes. Já a procura pela letra no Google é um pouco menor, apenas 81 mil pessoas quiseram conhecê-la.
[Se você acha que é mentira, entre no Google, escreva o termo “rebolation” e veja lá; vão aparecer números de acessos à música, à letra, ao dowload, aos vídeos, ao passa a passo da dança etc, veja lá.]
Alguém disse (parece que foi Nizan Guanaes, sempre ele), que a música baiana não é feita para a cabeça, mas sim para o quadril; não é para pensar, é para dançar. Ou seja, é para você esquecer a letra. E dançar, quebrar, requebrar. Rebolar.
Porque é de lei: todo ano tem que ter uma dança nova na Bahia. Já tivemos o fricote e o deboche, quando Luiz Caldas cantava “Olha a nega do cabelo duro, que não gosta de pentear, quando passa na Baixo do Tubo...”
Depois veio Sarajane cantando “Tá ficando apertadinha, meu amor, abra a rodinha, por favor, abra a rodinha”. Aí surgiu outro sucesso que dizia “Eu vou enfiar uva no céu da sua boca, e aí chupa toda, chupa toda, chupa toda”.
Outra obra-prima, um verdadeiro clássico da música e da dança na Bahia, dizia assim: “Desce mais, desce devagarinho, desce mais, desce mais um pouquinho... E vai ralando na boquinha da garrafa”.
Depois vieram a dança do tchan, o requebra, a volta no gueto, o arrocha, a dança da tartaruga, a dança da manivela, o vixe, mainha, o berimbau eletrizado, o levantou poeira, até chegar o “todo enfiado”, que é a dança do fio dental.
Voltando ao sucesso do Parangolé, ela só tem praticamente duas frases. Uma diz “O Rebolation é bom, bom, bom”, e repete várias vezes. A outra é “O Rebolation, tion, tion/ O Rebolation, tion, tion”, ou seja, “o reboleichon-chon, o reboleichon-chon”.
Enquanto o Ministério da Saúde só pede para o folião usar camisinha, a gripe do Rebolation derruba o Brasil. Matéria publicada neste domingo de carnaval (15/02), no Portal Terra, informa que até garçons de hotéis no Rio de Janeiro estão cantarolando esse hit do axé.
Acredite se quiser, o Rebolation fez a cabeça até do governador de São Paulo, o presidenciável José Serra, e da sua oponente, a ministra Dilma Rousseff. Embora não saibam dançar, eles já botaram o bloco na rua, e já não perdem nem aniversário de boneca, quanto mais carnaval.
Dilma e Serra estavam em camarotes vizinhos em Salvador. Ao passar pela frente dos camarotes, a cantora Ivete Sangalo brincou com os dois presidenciáveis. Do alto do seu trio, ela falou para Serra: “Tá com olhinhos de sono... Toma aí um energético”.
Mais adiante, parodiou uma música para dar uma bajuladinha na ministra. A música é Dalila e um dos versos diz “Vai buscar Dalila, vai buscar Dalila ligeiro”. Pois não é que Ivete cantou “Vai buscar Dilminha/ Vai buscar Dilminha ligeiro”?
Pois é, Serra e Dilma já começaram a rebolar atrás de voto. No São João, certamente estarão no rebolation junino em Caruaru e Campina Grande, comendo buchada de bode, montando em jegue e pegando criança pobre no colo.
Eles deram sorte por pegarem a onda do rebolation. Mas já imaginou se eles fossem candidatos no ano da “boquinha da garrafa”? E se o ano fosse o da dança da rodinha? Já pensou a dança do “todo enfiado”, hein? Como diz o outro, “quéta, minino”.
Em ano de eleição, Serra e Dilma deram as caras no carnaval da Bahia, terra de Jorge Amado e sua Teresa Batista, a rainha do rebolado. E até outubro o Brasil vai ser esse rebolation do Parangolé. O povo que dance. Ou que rebole. “O reboleichon-chon, o reboleichon-chon, o reboleichon-chon”.
Marcelo Torres, jornalista, cronista, baiano, mora em Brasília; email http://br.mc523.mail.yahoo.com/mc/compose?to=marcelocronista@gmail.com e blog http://marcelotorres.zip.net/; caso repasse, não altere o texto e mantenha os dados do autor.
A música mais tocada nas rádios, nas casas, nos carros e nos trios elétricos de Salvador é uma obra de arte chamada Rebolation (baianamente cantada como o “reboleichon”), que é de um grupo de pagode de nome bastante sugestivo - Parangolé.
E não é só na Bahia que o Rebolation do Parangolé está bombando, é em todo o Brasil. Essa pérola musical, obra-prima da novíssima poesia baiana já soma nada menos que 1,5 milhão de buscas no Google - Google que hoje é a palavra da salvação.
Para você ver que o rebolation não é pouca coisa, a imagem dessa dancinha no Youtube já foi acessada 586 mil vezes. Já a procura pela letra no Google é um pouco menor, apenas 81 mil pessoas quiseram conhecê-la.
[Se você acha que é mentira, entre no Google, escreva o termo “rebolation” e veja lá; vão aparecer números de acessos à música, à letra, ao dowload, aos vídeos, ao passa a passo da dança etc, veja lá.]
Alguém disse (parece que foi Nizan Guanaes, sempre ele), que a música baiana não é feita para a cabeça, mas sim para o quadril; não é para pensar, é para dançar. Ou seja, é para você esquecer a letra. E dançar, quebrar, requebrar. Rebolar.
Porque é de lei: todo ano tem que ter uma dança nova na Bahia. Já tivemos o fricote e o deboche, quando Luiz Caldas cantava “Olha a nega do cabelo duro, que não gosta de pentear, quando passa na Baixo do Tubo...”
Depois veio Sarajane cantando “Tá ficando apertadinha, meu amor, abra a rodinha, por favor, abra a rodinha”. Aí surgiu outro sucesso que dizia “Eu vou enfiar uva no céu da sua boca, e aí chupa toda, chupa toda, chupa toda”.
Outra obra-prima, um verdadeiro clássico da música e da dança na Bahia, dizia assim: “Desce mais, desce devagarinho, desce mais, desce mais um pouquinho... E vai ralando na boquinha da garrafa”.
Depois vieram a dança do tchan, o requebra, a volta no gueto, o arrocha, a dança da tartaruga, a dança da manivela, o vixe, mainha, o berimbau eletrizado, o levantou poeira, até chegar o “todo enfiado”, que é a dança do fio dental.
Voltando ao sucesso do Parangolé, ela só tem praticamente duas frases. Uma diz “O Rebolation é bom, bom, bom”, e repete várias vezes. A outra é “O Rebolation, tion, tion/ O Rebolation, tion, tion”, ou seja, “o reboleichon-chon, o reboleichon-chon”.
Enquanto o Ministério da Saúde só pede para o folião usar camisinha, a gripe do Rebolation derruba o Brasil. Matéria publicada neste domingo de carnaval (15/02), no Portal Terra, informa que até garçons de hotéis no Rio de Janeiro estão cantarolando esse hit do axé.
Acredite se quiser, o Rebolation fez a cabeça até do governador de São Paulo, o presidenciável José Serra, e da sua oponente, a ministra Dilma Rousseff. Embora não saibam dançar, eles já botaram o bloco na rua, e já não perdem nem aniversário de boneca, quanto mais carnaval.
Dilma e Serra estavam em camarotes vizinhos em Salvador. Ao passar pela frente dos camarotes, a cantora Ivete Sangalo brincou com os dois presidenciáveis. Do alto do seu trio, ela falou para Serra: “Tá com olhinhos de sono... Toma aí um energético”.
Mais adiante, parodiou uma música para dar uma bajuladinha na ministra. A música é Dalila e um dos versos diz “Vai buscar Dalila, vai buscar Dalila ligeiro”. Pois não é que Ivete cantou “Vai buscar Dilminha/ Vai buscar Dilminha ligeiro”?
Pois é, Serra e Dilma já começaram a rebolar atrás de voto. No São João, certamente estarão no rebolation junino em Caruaru e Campina Grande, comendo buchada de bode, montando em jegue e pegando criança pobre no colo.
Eles deram sorte por pegarem a onda do rebolation. Mas já imaginou se eles fossem candidatos no ano da “boquinha da garrafa”? E se o ano fosse o da dança da rodinha? Já pensou a dança do “todo enfiado”, hein? Como diz o outro, “quéta, minino”.
Em ano de eleição, Serra e Dilma deram as caras no carnaval da Bahia, terra de Jorge Amado e sua Teresa Batista, a rainha do rebolado. E até outubro o Brasil vai ser esse rebolation do Parangolé. O povo que dance. Ou que rebole. “O reboleichon-chon, o reboleichon-chon, o reboleichon-chon”.
Marcelo Torres, jornalista, cronista, baiano, mora em Brasília; email http://br.mc523.mail.yahoo.com/mc/compose?to=marcelocronista@gmail.com e blog http://marcelotorres.zip.net/; caso repasse, não altere o texto e mantenha os dados do autor.
19 comentários:
pois não é que eu também me acabei no rebolaition?
Gerana,
Fico bastante feliz em não ter ouvido esta obra prima ainda. Se ouvi, meu inconsciente bloqueou. rsrs
Beijos
Pra essa gripe ainda há remédio, para outras já nao tenho tanta certeza.
No carnaval carioca, aquelas alegorias caríssimas e tediosas e aqueles sambas-enredo que nos adormecem/aborrecem desde o primeiro verso (verso?). No carnaval baiano, essas deusas de Ibope e araque; e não há quem consiga convencer a espécie (Homo stupidus)de que Brahms e Beethoven são mais relevantes para a música deste planeta que Ivete Sangalo e Cláudia Leite. Haja saco.
SIDNEY WANDERLEY
"É bom-bom-bom!"
Música de carnaval é música de carnaval. Cantor e compositor de carnaval é cantor e compositor de carnaval. Sambas enredo, marchinhas, frevos são músicas para um momento específico.
O problema está em querer fazer do carnaval mais do que ele é.
A imprensa quer um fato novo, os empresários querem um sucesso em dinheiro, os intelectuais querem um evento antropológico...
Exige-se muito do carnaval.
Essa música do Parangolé tem um mérito notável: manda rebolar e pronto. Carnaval é isso: rebolar e ver os outros rebolarem. No caso, ver esse cantor, Léo Santana, que é bonito mesmo.
Rebolation é bom!!!
Rsrsrs
GErana,
muito bom texto.vc sempre de bom gosto.
oi Gerana,
para ver aquela foto, tente o link http://www.flickr.com/photos/mvitor.
E muito oportuno este seu post.
Abraços!
Eu não conheço o rebolaition e provavelmente me falte rebolado para tanto, mas a dança da tartaruga eu aprendi, inocentemente, e adorei :)
assino embaixo de Marcus Vinícius, Rebolotion é bom, bom, bom!
beijo
O rebolation ainda não atacou do lado de cá do Atlântico.
Mas talvez chegue como as gripes anteriores que o autor falou...
Querida amiga, um beijo.
To até enjoada de tanto ouvir isso aqui na Bahia, mas como disse o Marcus Vinicius
" Essa música do Parangolé tem um mérito notável: manda rebolar e pronto. Carnaval é isso: rebolar e ver os outros rebolarem. "
e fim :D parabéns pelo texto e pelo blog inteiro :*
Bombou aqui em Americana, grudou feito cola no ouvido de um colega que detestou a música mas não conseguia parar de cantar. E de rebolar.
As músicas de carnaval, - e não só - se ficassem só no carnaval para a rebolação de quem gosta e curte, tudo bem, o pior é que o ritmo contagiante atrái, e durante todo o ano o pessoal faz delas suas músicas para cantar e ouvir, aí minha preocupação é com as crianças que crescem ouvindo isso principalmente das babás com as quais convivem, e vão calcando nisso o gosto musical, e aí lá se vai o bom-gosto por água abaixo. Beethoven? Quem dera!
E assim caminha a humanidade, rs....ou melhor, a brasilidade.
Viva o quadril!!!!
Muito bom o artigo. Grande abraço.
Rebolation tá de óoooootimo tamanho pro carnaval. rsrs
Pois eu acho isso de rebolation, entre outras musicas dessa merda de banda chamada Parangolixo, são uma puta falta de respeito para com os demais, nem todo mundo tem obrigação de ouvir esses lixos idiotas, que não contribuem nada para a sociedade. Mas infelizmente estamos no brasil, e eu acima de tudo moro nesse inferno chamado salvador, o ápice desta merda foi aqui, e aqui ainda continua, esse rebolation e outras baixarias do inferno. Eu só tenho a dizer, q um dia todos que gostam ou gostaram de lixolation hj, vão olhar pra trás e querer se matar, porque isso é realmente deprimente, e uma ultima coisa. De coração mesmo, eu quero que todo mundo que dança, dançou, ou pensa em dançar rebolation por ai, MORRA CEDO, assim será menos um idiota no nosso querido mundo.
Só isso ¬¬'
Que pena que a cultura brasileira não está evoluindo, mas também num país que só dá importância para futebol e carnaval, só poderia dá nisso mesmo.
Olha , eu concordo plenamente com esse sexo subliminar que anda excitando o povo , agora , falar mal da Bahia, você conhece o estado , o povo e tudo mais? Porque não vai ofender o Rio de Janeiro ? O funk ninguém critica , agora em nordestino fazem questão de mete o pau mesmo ..
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