terça-feira, 11 de dezembro de 2007

SONETO DAS SOMBRAS E DOS PASSOS


Aramis Ribeiro Costa


A sombra do teu vulto me entristece
Segue os meus passos, cresce, se agiganta
O menino que em mim por ti se encanta
Soluça no meu peito que envelhece.

A neve que o cabelo te embranquece
Agora em meu cabelo desce tanta
Que a sombra do teu vulto, avô, se espanta
Desta sombra que à tua se parece.

E seguimos, as mãos entrelaçadas
As duas sombras, pela vida atadas
Embora pela morte divididas.

A sombra do teu vulto me abre os braços
Mas eu, avô, sou eu quem segue os passos
Das minhas gentes mortas e queridas.


26/12/1995





Este soneto está no volume Espelho Partido-Sonetos Escolhidos 1971/1996 (FUNCEB, 1996).A foto foi retirada do Flickr e é de Rodrigo Santiago.

3 comentários:

Carlos Vilarinho disse...

Sinto uma coisa parecida. Meu pai me faz muita falta.
É isso mesmo,
muito bom.

Letícia Losekann Coelho disse...

Gostei do ritmo dela...
me lembrei do meu pai tb...bela referência fez a sombra!
beijos meus

Leandro Jardim disse...

muito bom!