Aramis Ribeiro Costa
A sombra do teu vulto me entristece
Segue os meus passos, cresce, se agiganta
O menino que em mim por ti se encanta
Soluça no meu peito que envelhece.
A neve que o cabelo te embranquece
Agora em meu cabelo desce tanta
Que a sombra do teu vulto, avô, se espanta
Desta sombra que à tua se parece.
E seguimos, as mãos entrelaçadas
As duas sombras, pela vida atadas
Embora pela morte divididas.
A sombra do teu vulto me abre os braços
Mas eu, avô, sou eu quem segue os passos
Das minhas gentes mortas e queridas.
26/12/1995
Este soneto está no volume Espelho Partido-Sonetos Escolhidos 1971/1996 (FUNCEB, 1996).A foto foi retirada do Flickr e é de Rodrigo Santiago.
3 comentários:
Sinto uma coisa parecida. Meu pai me faz muita falta.
É isso mesmo,
muito bom.
Gostei do ritmo dela...
me lembrei do meu pai tb...bela referência fez a sombra!
beijos meus
muito bom!
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