Gerana Damulakis
Para meu amigo que se foi tão cedo: o poeta Daniel Cruz Filho
Onde estou?
Como me situar
se espaço, tempo, energia
são conceitos relativos da teoria do homem?
Onde estou?
Como me geografar
se a equação ilógica
é indemonstrável, complexa questão
da mutabilidade do mundo
a cada segundo?
E, afinal, onde estou?
Como me localizar
se o eu vaga mais que o corpo,
é totalitário e onipotente,
refazendo-se à revelia de mim?
Como me plantar
nos meus pés
quando se fixar pode significar morte,
o fim absoluto,
renegado sete vezes,
sete vezes injuriado?
E, afinal, o que esperar?
Que um mapa deva limitá-lo
em seu mundo, ó imaginário:
viajante de mim.
De Guardador de Mitos (Edição do Autor, 1993).
O poema é dedicado a Daniel Cruz Filho desde sua feitura, mas na ocasião ele estava vivo.
2 comentários:
o que falar deste poema...fala da morte..como estar perdido, sumido... belo e triste ao mesmo tempo!
gostei!!
beijos meus
E você fala mal da sua própria poesia... Gerana exacerba na auto-crítica. Insatisfação também é procura de perfeição, mas não justifica à autora ignorar o valor de poemas como esse e como DEPOIS DO INICIO. Aplausos para você.
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