domingo, 23 de maio de 2010

MUITAS PESSOAS



Não gosto de ler biografias. Meu fascínio é pela prosa de ficção, pela poesia - a ficção do sentimento, segundo a definição do escritor Aramis Ribeiro Costa - e pelo ensaio literário escrito por prosadores e poetas, tais como Virginia Woolf, W.H. Auden, Italo Calvino, Milan Kundera, Mario Vargas Llosa...

Colhi a frase de Fitzgerald, dada minha total concordância.

Nunca se escreveu uma boa biografia de um bom romancista. Se é um bom romancista, são demasiadas pessoas de uma vez.
Francis Scott Fitzgerald (1896 - 1940)

20 comentários:

Valéria Martins disse...

Que linda frase, Gerana. Obrigada.

Beijos e uma ótima semana pra você.

José Carlos Brandão disse...

Gosto de biografias de escritores, de artistas. Com o seu rico mundo interior, dão belos personagens. Gosto, mas não acredito. Todo aquele mundo interior, explícito ou implícito, não pode ser real: é ficção.
Teimo em gostar de memórias, sabendo que o memorialista é um grande mentiroso.
Exceção: Montaigne. Pode ser mentiroso - quem não é? - mas por uma boa causa. Revelar-se, escondendo-se. Revelar a sua obra de arte, a sua psicologia artística própria.

João Renato disse...

Gerana,
Eu leio biografia de alguns poetas que me interessam por curiosidade, mas, geralmente, o conhecimento da vida deles não clareia muito sua literatura.
E a vida real costuma ser menor do que a obra de arte.
JR.

Bípede Falante disse...

Está aí um grande escritor!

Marcantonio disse...

Eu fico pensando no quanto um biógrafo se aproxima de um romancista ao ter que preencher lacunas, "inventando" o biografado. Sempre desconfiei que biografias se originam de uma arrogante presunção. Ao ler essa frase, que desconhecia, me lembrei da relação Sartre/Flaubert. Será que, na verdade, ela não poderia se aplicar a todos nós, para além da capacidade criar vidas ficcionais? Não somos muitos? Não seríamos trezentos, como dizia Mario de Andrade de si mesmo?

"Eu sou trezentos, sou trezentos-e-cinquenta,/Mas um dia afinal eu toparei comigo..."

Será que os biógrafos inventam esse dia memorável?

glaucia lemos disse...

RAramente leio biografias, justamente porque raramente apresentam redação atraente; prefiro a obra. Quando se trata de um autor que particularmente me interesse,(Dostoievski, Camus, por exemplo) então vou à biografia, mas jamais à auto-biografia.

Lisarda disse...

Gerana! Estamos lendo Catatáu, e tentando traduzí/lo

Felíces....

Italo Calvino é o mais genial que há.

Philip Roth é seu próprio biógrafo, no¥

Un múltiple abrazo desde Buenos Aires,
Ignacio/Marcelo/Daniel/Leónce/Andrés

Unknown disse...

concordo com a multiplicidade, os vários dentro de um, abraço

Valéria Martins disse...

Querida Gerana, eu também perdi o meu pai aos 17 anos... Ele fez muita falta. Mas também entendi, com o tempo, o significado da ausência dele na minha vida. Deus sabe o que faz.

Um beijo, minha querida.

Ana Tapadas disse...

Concordo plenamente!
A ficção estilhaça a realidade, escapa do biografismo.
Beijinhos

Jairo Cerqueira disse...

Excelente frase.
Não tenho nada contra as biografias. Mas acho que, na verdade, lemos biografias para 'meter o bedelho' na vida de outrem, de forma intelectualmente literária. rsrsrsrs
Um abraço.

Juan Moravagine Carneiro disse...

No cerne deste post você citou alguns dos maiores escritores de todos os tempos...

é sempre um prazer adentrar em seu espaço, como também um prazer receber você e suas palavras no Rembrandt...

Agradecido pelas suas visitas

abraço

Gisele Freire disse...

Olá querida Gerana!
Tb não sou de ler biografias, mas das que eu li uma eu adorei, a do Akira Kurosawa, muito boa! :)
bj
Gi

josé carolina disse...

Pois é, Gerana, eu também não gosto de biografia. Que bom saber que você, sendo você assim como sabe que é, também não goste. Mas, no meu caso, eu acabo piorando um pouquinho, porque, não por ideologia ou conceito formado, mas por falta de interesse ou memória interessada, eu nunca sei da vida das pessoas, muito menos ainda dos autores de quem mais gosto. Já passei muita vergonha por não saber coisinhas mínimas biográficas dos meus queridos que tanto leio. Mas, agora, já posso rebater, aliviando metade da culpa: a Gerena que é ela, assim do jeito que ela sabe que é, não gosta de ler biografia. E eu mesma é que invento a vida de quem gosto, cujos nomes até do cachorro de estimação eu dou! Hehe.
Abraço, Gerana!

Carolina.

~*Rebeca*~ disse...

Gerana,

Nunca havia parado pra pensar nessa coisa de romancista ser várias pessoas de uma vez. Muito bacana mesmo essa observação.

É tão bom andar nessa blogosfera e conhecer pessoas que fazem a diferença.

Adorei mesmo tudo aqui.

Espero não perder contato, viu?

Beijo imenso, menina linda.

Rebeca

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Muadiê Maria disse...

a frase é mesmo linda. Mas eu adoro ler biografias.

silvia zappia disse...

Bravo,Gerana! Qué buena cita!

besos*

Unknown disse...

rererere
verdade, verdade, mas eu gostei de algumas biografias, de Lilian heljman, por ex, assim, de cara me lembro dessa.

Mas que eles são muitos, são mesmo

Gregorio Omar Vainberg disse...

Muy buena esa , (apagar) vai em português.

Muito boa, Gerana, una exata definição dos romancistas.

Um abraço

Fernando Campanella disse...

Dia desses, enquanto eu caminhava, veio-me esta ideia, que talvez poderá ser o final de um poema meu:

'eu sou aquele, o outro, não eu....'

meio louco, não? mas como costumo ouvir essas ideias que me chegam assim do nada, preciso ir mais fundo, e elaborar mais essa percepção.

Grande abraço, Gerana.