O poema abaixo foi retirado do volume Música de Câmara (Iluminuras, 1998), de James Joyce, tradução de Alípio Correia de Franca Neto. Primeiro livro publicado pelo autor de Ulisses, nada acrescenta, nada diminui, serve como uma curiosidade genética em torno da obra de Joyce, ainda que vista como uma poesia de segunda ordem.
IX
Ventos de maio, em dança mar afora,
Dançando lá numa giranda em glória,
De sulco em sulco, a espuma esvoaçando
Ao alto, até tornar-se uma guirlanda
De arcos prateados que atravessam o ar -
Não viram meu amor nalgum lugar?
------Malandança, malandança!
------Ah, ventos de maio em dança!
Amor é triste se amor está a distância!
Ilustração: Gisèle Freund, James Joyce lendo, 1939.
8 comentários:
É bizarro descobrir que o "multiple Joyce" como o bautizamos con amigos em común, tenha escrita uma quase cantiga de amigo...
como é bom ver um escritor que do início ao fim faz de sua literatura uma permanente evolução. Esse é o caminho.
Beijos.
Jefferson
Gerana,
Após muitos dias de pouco tempo disponível para a vida virtual, vim colocar em dia a leitura. Aproveito para avisar que fiz mudanças radicais lá no blog, em virtude das reclamações de que o blog estava muito pesado e que republiquei, dia 22, o conto a garota do terceiro andar que é dedicado a você.
Ótimo fim de semana
Beijos
Poemas de segunda ordem como eu queria escrevê-los. Eu tenho um livro de contos chamado o Ulisses no supermercado, uma das narrativas é uma homenagem ao livro em questão. Se vc tiver interesse eu posso enviá-lo. É só me contatar pelo e-mail dumassis@ig.com.br. Abraço.
É assim mesmo um grande poema.
Sempre actualizada minha amiga.
Obrigada por tanta partilha.
Beijinho e bom Domingo
Gerana, as suas seleções são impressionantes. E você é impressionante. Nunca vi tanta erudição! Como no site do Mayrant, vir aqui é uma aula.
Oi Gerana,
Sabe, James Joyce é um de meus fracassos. Tenho Ulisses aqui, e já tentei ler várias vezes. Não consigo ir em frente.
Beijos
Traduzir este poema do Joyce deve ter sido parada dura, rs... A tradução ficou meio esquisita, deve ser porque o poema não é muito bom mesmo.
Mas, olha, do Joyce li 'Os mortos', conto que certamente colocaria entre as coisas mais tocantes que já li. Assisti ao filme nele baseado também. Muito bom,também,embora tenha que ser considerado como 'arte cinema', uma outra criação artística. Olha o finalzinho do conto:
"...Sua alma desmaiava lentamente, enquanto ele ouvia a neve cair suave através do universo, cair brandamente - como se lhes descesse a hora final - sobre todos os vivos e todos os mortos."
Grande abraço, Gerana, obrigado pela presença em meu blog.
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