O Sr. pergunta qual a minha opinião sobre seus contos. Qual a minha opinião? Talento indiscutível e autêntico; um grande talento. Por exemplo, no conto Na Estepe, ele se manifestou com uma força extraordinária e inclusive tive inveja por não ter sido eu quem o escreveu. O Sr. é um artista, um homem inteligente. Sente com perfeição. É um plástico, ou seja, quando descreve um objeto, o Sr. o vê e o apalpa com as mãos. Isto é arte autêntica. Eis a minha opinião e estou muito contente de poder expressá-la. Repito, estou muito contente e se nos conhecêssemos pessoalmente e conversássemos uma hora ou mais, então o Sr. se convenceria de como o tenho em alta conta e que esperanças deposito em seu talento.
Falar agora dos defeitos? Mas isto não é tão fácil. Falar dos defeitos de um talento é o mesmo que falar dos defeitos de uma grande árvore que cresce num jardim: o principal não está na árvore em si, mas no gosto daquele que olha para a árvore. Não é assim?
Trecho da carta de A. Tchékhov, datada de 3 de dezembro de 1898, destinada a Aleksiéi Maksímovitch (Górki).
in Carta e Literatura - Correspondência entre Tchékhov e Górki (Editora da Universidade de São Paulo, 2001), organização de Sophia Angelides.
9 comentários:
Para mim isso significa segurança. Os inseguros de si são os que, mesmo reconhecendo o valor do outro, não se expressam ou procuram falhas para apontar. É a insegurança de si mesmos. Os que sabem o quanto valem são generosos.
João Ubaldo cita Jorge Amado como um exemplo dessa generosidade: enxergar a grandiosidade do outro. Abraço.
Doce Amiga:
Um texto valioso e precioso sobre os Grandes do conhecimento.
Narrado brilhantemente e com intensidade de reconhecimento.
Profundo e Manifesto.
Parabéns sinceros. Adorei.
Bem-Haja pela ternura deixada expressa no meu blogue.
Beijinhos amigos de respeito e admiração imensos.
Sempre a lê-la com atenção e com amizade.
pena
Linda...!
MUITO OBRIGADO pela simpatia e fascínio como abraça o mundo.
Perfeita.
que lindo, Gerana! Mais uma vez agradeço por você dividir conosco os seus conhecimentos.
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Confirmo Assis Freitas-João Ubaldo. Conheço de perto a generosidade de Jorge e da família.
Que beleza de texto, Gerana. Gláucia tem razão: os inseguros (e os medíocres) é que têm dificuldade em reconhecer o talento dos outros.
Gláucia disse bem.
Gláucia Lemos disse tudo que eu gostaria de dizer. Seu comentário completa o texto - maravilhoso, por sinal.
Um abraço.
Os bons reconhecem (e amam) os bons!
Ah como queria o mundo repleto dessas gentilezas acima das invejas!
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