Quando escrevi uma postagem sobre o conto de James Joyce, “Os Mortos”, por conta deste ter sido escolhido como o melhor conto de século XX, meu amigo, o escritor Fred Matos, comentou sobre um conto imperdível. Trata-se de “Médicos”, do húngaro Biró Lajos, nascido em 1880 e morto em 1948. Fred leu o conto na Antologia do Conto Húngaro, com seleção, tradução, introdução e notas de Paulo Rónai, revisão de Aurélio Buarque de Hollanda e prefácio de João Guimarães Rosa: uma jóia!
Por coincidência também tenho tal antologia, com a assinatura do dono do exemplar na folha de rosto, ou seja, a assinatura de meu tio, o jornalista Flávio Costa, irmão de minha mãe, e que foi amicíssimo do pai de Fred, Ariovaldo Matos. Penso que ambos compraram seus exemplares juntos, pois que eram escritores e leitores, além de amigos.
Acho muito interessante que, passado tanto tempo, o filho de Ariovaldo Matos e a sobrinha e afilhada de Flávio Costa recorram aos livros herdados, recorram à leitura de determinado conto. É como se eles, Ariovaldo e Flávio, permanecessem um tanto através da Antologia do Conto Húngaro, editada pela Civilização Brasileira, em 1957, ano em que os dois familiares nossos, tão queridos, todavia desfrutavam da juventude intensa que tiveram. O meu exemplar herdado está perfeito, coloquei capa dura.
O conto “Médicos”, de Biró Lajos é bastante elaborado ao modo de Maupassant. Leitura prazerosa, narrativa com fluência em cima de um episódio. Leio que o autor foi famoso por romances e peças. E, buscando imagens para ilustrar esta postagem, descubro que a antologia teve reedição pela Topbooks, em 1998 (foto).
Acho muito interessante que, passado tanto tempo, o filho de Ariovaldo Matos e a sobrinha e afilhada de Flávio Costa recorram aos livros herdados, recorram à leitura de determinado conto. É como se eles, Ariovaldo e Flávio, permanecessem um tanto através da Antologia do Conto Húngaro, editada pela Civilização Brasileira, em 1957, ano em que os dois familiares nossos, tão queridos, todavia desfrutavam da juventude intensa que tiveram. O meu exemplar herdado está perfeito, coloquei capa dura.
O conto “Médicos”, de Biró Lajos é bastante elaborado ao modo de Maupassant. Leitura prazerosa, narrativa com fluência em cima de um episódio. Leio que o autor foi famoso por romances e peças. E, buscando imagens para ilustrar esta postagem, descubro que a antologia teve reedição pela Topbooks, em 1998 (foto).
9 comentários:
É bem possível mesmo que Ari e Flávio tenham comprado seus exemplares juntos: eram, como você diz, amicíssimos, trabalharam juntos no Jornal da Bahia e morávamos na mesma rua: a Visconde de São Lourenço, mais conhecida como Forte de São Pedro. Eu era menino ainda, mas me lembro bem daqueles dias.
Não faz muito tempo, encontrei um texto de Muniz Sodré publicado no “Observatório da Imprensa” que cita Ari, Flávio e o grupo de jornalistas que fundou o Jornal da Bahia e o conduziu na sua fase áurea. Vale a pena ler:
http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=402MCH001
Quanto a Antologia do Conto Húngaro, da qual destaquei o conto “Médicos”, é um livro que volta e meia releio e que recomendo vivamente.
Agradeço-lhe, Gerana, por esta postagem que me comoveu muitíssimo, e, sobretudo, pela amizade generosa.
Beijos
Gerana, obrigado por suas palavras sobre o poema. O que vc escolheu, segundo vi no meu email, é o poema número 06, que vai abaixo. Abraços.
6 –
To
do
silêncio é
fal
so,
me
nos
o
silêncio
último
Quem me dera ter acesso a essa obra!
Obrigada pelos comentários lá no meu canto. mas não leve a minha escrita a sério...apenas brinco com as palavras.
Beijinho
Há muitos anos atrás peguei emprestado esse livro, e gostei muito de algumas narrativas. Não me lembro especificamente de uma ou outra obra, mas me lembro bem de ter-me surpreendido com o fato de um país tão distante cultural e geograficamente quanto a Hungria poder ter gerado produtores textuais que afetaram um brasileiro, trinta anos atrás, formando-se como leitor. É a tal da universalidade da (boa) literatura, pois não?
P.S.: Obrigado pela visita e pelo elogio, moça.
Há muitos anos atrás peguei emprestado esse livro, e gostei muito de algumas narrativas. Não me lembro especificamente de uma ou outra obra, mas me lembro bem de ter-me surpreendido com o fato de um país tão distante cultural e geograficamente quanto a Hungria poder ter gerado produtores textuais que afetaram um brasileiro, trinta anos atrás, formando-se como leitor. É a tal da universalidade da (boa) literatura, pois não?
P.S.: Obrigado pela visita e pelo elogio, moça.
Eu também amo esse livro, talvez uma das obras mais preciosas que já me passaram pelas mãos. Apesar de já não o possuir mais e o ter lido há mais de 20 anos, lembro-me de vários de seus contos, alguns pungentes, outros divertidos, como se os houvesse folheado há poucas semanas. Mas o que mais me espanta (encanta) nele é como uma obra coletiva pode concentrar tal harmonia e qualidade próximas do sublime. Gosto muito de contos, mas em todos as coletâneas (à exceção desta) a impressão que tenho é de que percorro uma aldeia cujas ruas são algumas calçadas por paralelepípedos, outras são de terra, uma e outra mais moderna estão asfaltadas. A impressão persiste mesmo quando a coletânea é de um único autor, afora que sempre gostamos mais de uma casa e de outra. No caso dessa antologia, não. É como percorrer uma daquelas mimosas aldeias européias, todas as ruas limpas, bem cuidadas, cada uma sem ser igual mais agradável que a outra. Não bastasse a seleção, o português primoroso de Ronai - até a tradução é uma delícia. Se não me engano é uma obra esgotada.
Eu também amo esse livro, talvez uma das obras mais preciosas que já me passaram pelas mãos. Apesar de já não o possuir mais e o ter lido há mais de 20 anos, lembro-me de vários de seus contos, alguns pungentes, outros divertidos, como se os houvesse folheado há poucas semanas. Mas o que mais me espanta (encanta) nele é como uma obra coletiva pode concentrar tal harmonia e qualidade próximas do sublime. Gosto muito de contos, mas em todos as coletâneas (à exceção desta) a impressão que tenho é de que percorro uma aldeia cujas ruas são algumas calçadas por paralelepípedos, outras são de terra, uma e outra mais moderna estão asfaltadas. A impressão persiste mesmo quando a coletânea é de um único autor, afora que sempre gostamos mais de uma casa e de outra. No caso dessa antologia, não. É como percorrer uma daquelas mimosas aldeias européias, todas as ruas limpas, bem cuidadas, cada uma sem ser igual mais agradável que a outra. Não bastasse a seleção, o português primoroso de Ronai - até a tradução é uma delícia. Se não me engano é uma obra esgotada.
É bem esse exemplar que comprei; contos inesquecíveis - que salvaram meu Natal.
Gerana, você não imagina o quanto estou contente por estar aqui no seu blog, que eu até então desconhecia, e o quanto estou grata pela sua visita lá no meu. Eu, notoriamente, estou vivendo uma fase de "hungarice" absoluta. Começei, por acaso, com o Márai e, agora, caí no I.K., e graças aos bons ventos baianos, o Mayrant me abriu essa enorme janela que também tem vistas para você. Estarei sempre por aqui sob esse céu virtual que também nos protege. Falando nisso, Kit, Port e Turner fazem parte das minhas personagens inesquecíveis. Me visite lá no meu blog. Você será sempre muito bem-vinda!
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