sábado, 20 de setembro de 2008

VERSOS ANTOLÓGICOS


Gerana Damulakis


Não sei se acontece com todos que amam poesia, mas comigo ocorre amiúde ter vontade de responder em versos a algum questionamento. Tudo isto porque há os versos inesquecíveis que se encaixam como resposta em várias ocasiões, ou mesmo, sem que seja preciso um diálogo, eles surgem como resultado de alguma observação. Fernando Pessoa é dono de muitos versos antológicos: os exemplos refletem os meus preferidos.

Há doenças piores que as doenças,/Há dores que não doem, nem na alma/ Mas que são dolorosas mais que as outras./ Há angústias sonhadas mais reais/ Que as que a vida nos traz, há sensações/ Sentidas só com imaginá-las/ Que são mais nossas do que a própria vida. (...). Em "Há doenças piores que as doenças"

Quem não quiser sofrer, que se isole

Há metafísica bastante em não pensar em nada.

Deus é o existirmos e isto não ser tudo. Em "A minha imagem"

Todas as cartas de amor são/ Ridículas./ Não seriam cartas de amor se não fossem/ Ridículas.

Não sou nada./ Nunca serei nada./ Não posso querer ser nada./ À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo. Em "Tabacaria"

2 comentários:

Letícia Losekann Coelho disse...

Comigo acontece também. Fernando Pessoa como bem levantaste é um mestre em versos antagônicos. Depois de ler Pessoa, parece fácil escrever assim... Mas não é...
beijos

Carlos Vilarinho disse...

Como ele mesmo disse(ou escreveu) muita metafísica somente em não pensar.