quarta-feira, 3 de setembro de 2008

MANTRA

Fred Matos


para Isis


este frio que cresce no meu plexo
é léxico de uma língua antiga e rara
almenara tatuada na minha pele

a noite é de lã um manto negro
o meu mais cálido agasalho
de saudades e ausências salpicado

nenhuma palavra perfura o aço
nenhuma açoita o tempo
nenhuma funda a eternidade

mas aquele léxico diuturno
forasteira luz do meu vocabulário
penetra cada fresta do manto

e canto um monótono mantra
trama sânscrita desta escrita
negra etérea noite infinita.


Fred Matos é autor de Melhor que a encomenda (FUNCEB, 2006). Foto "There's that Mantra again", por biffybeans, retirada do Flickr.

4 comentários:

Letícia Losekann Coelho disse...

Muito bonita a poesia!
Abraços

Fred Matos disse...

Obrigado, Tita, pela leitura e comentário.
Obrigado, Gerana, por publicar.
Beijo-as

Anônimo disse...

Gostei da sintaxe, da sonoridade e do ritmo.
Parabéns, Fred.

Fred Matos disse...

Obrigado, Flamarion.
Abração