terça-feira, 19 de agosto de 2008

DAS PEDRAS


Manuel Anastácio



Está quieta. Não te mexas.
Ignora-me.
Demora-me.
Enterra-me.

Distende agora os membros sobre o chão.
Pensa que o teu corpo é uma prisão.
E não tenhas dúvida de que o é.

Esteja quieta. Não se mexa.
Me ignora.
Me demora.
Me enterra.

Distenda agora o peso pelo chão.
Pense que seu corpo é metal em fundição.
Nem duvide, porque é.

Está quieta. Não se mexa.
Ignora-me.
Me demora.

Espreguiça-te lentamente, ao chão rente.

Levante-se agora.



Manuel Anastácio assina o blog Da Condição Humana, http://literaturas.blogs.sapo.pt/; tem entrada pelos meus "Favoritos". Foto de Robert Portoquá, retirada do Flickr.

5 comentários:

Anônimo disse...

Passa-nos o ritmo. E o movimento final é de relaxamento. Assim o senti.

Anônimo disse...

Senti como se estivesse vendo um quadro. Um poema tocante.

Gerana Damulakis disse...

Sou fã da poesia de Manuel Anastácio. Ela clama por respostas imediatas... e o leitor sente.

Anônimo disse...

É um poema para ser subentendido. Cada verso um movimento ritmico. No final o relax. A sutileza do poema é realmente obra de mestre. Grande poeta esse Manuel Anastácio.

Anônimo disse...

Como ser imperativo e ao mesmo tempo tão delicado? Só mesmo poetizando extraordinariamente como o fez Manuel Anastácio.
Casamento perfeito entre a obra de Maria Martins, (grato pela honra de escolher uma foto minha para acompanhar tão bela obra poética) e estes lindos versos.
Prazer em comentar.