quarta-feira, 23 de julho de 2008

COMO UM ANJO

Gláucia Lemos




Onde andará o rei que tocou minha sina,
onde andará o anjo que recolheu as asas
e teceu uma trama em meu sossego?

Não enlacei um fio para prender seus pés,
não levantei porteira para guardar seu flanco.
Só lhe entreguei a jarra para matar a sede.
Só aceitei seus pés
em peso no meu ombro.

Só recebi suas asas ganhando o meu espaço,
e lhe abri meus braços
para voar seu vôo.

Entrou na minha sala
quando a ceia era servida,
trocou as alpercatas
e partiu.



Gláucia Lemos é poeta, ficcionista e cronista. Tem mais de duas dezenas de títulos publicados e é bastante premiada.

5 comentários:

Gerana Damulakis disse...

Poema cuja pungência causa mais do que admiração. Um final de arrepiar. Parabéns, Gláucia!

Anônimo disse...

É sempre um prazer lê-la.

Anônimo disse...

Obrigada a GErana e a Pereira. é bom saber que se agrada a gente inteligente,

Anônimo disse...

Que poema, tem tanto eco dentro de mim, vou postar lá no meu blog.

Anônimo disse...

Imagem forte de liberdade sofrida. Muito lindo, Gláucia.