quinta-feira, 5 de junho de 2008

UM POEMA DE CARLOS VILARINHO


Despedida
Travo a língua,
Guardo a lágrima contida,
Engulo o gosto de sangue na saliva,
Despejo o resto da bebida,
Esvazio o prato da comida,
Beiro ao desespero ante ao colapso da despedida...

Nada mais há entre nós.

Não sei quando perdi a identidade de ser alguém pra você...
Talvez no momento em que roí incertezas de quem era... de quem estava por ser...
E apesar de tudo, nunca quis abrir mão do Ser...

Ontem, li na capa de um livro: é preciso separar pra crescer,
Mas de que adianta ser grande se já não Sou com você?

Sinto-me como uma garrafa boiando na correnteza...
Estou sem tampa...
Encho... Esvazio...
Entendo que isso é o que movimenta o meu estar no mundo...

Nada mais quero ser,
Apenas estar,
Com quem acaso encontrar.



Carlos Vilarinho é ficcionista, cronista e, para surpreender a madrinha, enviou este poema.
Foto de Camafunga, retirada do Flickr.

4 comentários:

Gerana Damulakis disse...

Bacana mesmo, caro afilhado. É o caso de entrar nesta seara e continuar escrevendo alguns versos. Nós vamos gostar.

Carlos Vilarinho disse...

Valeu! Madrinha minha. É de uma personagem num conto. Acho que tá legal...

Anônimo disse...

Pois é, a sensibilidade poetando também. Para a frente é que se anda. Parabéns.

Carlos Vilarinho disse...

A gente tenta poetar sempre, né não, Gláucia? Se não, não se vive. Ou vive e não vê nada. Não sente nada. Não pensa nada. Não se toca. Não engole. Tenho vontade, muita vontade. Se é legal ou não... Vamo que vamo, degrau a degrau... eheheheheh... Beijo para você, minha amiga Gláucia.