Gláucia Lemos
Não sei para que hoje tanta luz.
Um delírio azul de luz,
um exagero de lua,
na minha janela clara.
Tenho esta noite nas mãos,
na minha pele viva.
E ela me desperdiça.
Não sei para que hoje tanta noite.
Tanta que transborda das bordas do tempo.
...se não estás.
Eu me avesso de mim.
E tenho à minha frente este luar inútil,
inútil como ausência,
distância,
partida.
Gláucia Lemos tem mais de duas dezenas de títulos publicados e vários prêmios. É autora de, entre outros, A metade da maçã.
A foto é Lua Azul, de Cristiano's Photos, retirada do Flickr.
A foto é Lua Azul, de Cristiano's Photos, retirada do Flickr.
5 comentários:
Adorei o poema....lindo o ritmo...
O nome quase saudade ficou perfeito!!
beijos
Um poema que é quase uma saudade, mas é totalmente sinestesia, poesia. Parabéns!
Sinestesia é justamente um tema que eu tratei com Flamarion faz pouco tempo. É isso mesmo: todos os sentidos sendo clamados. Enfatizo os parabéns para Gláucia que, vez por outra, troca a prosa pela poesia e, aqui, nos oferece. Obrigada, querida.
Pereira, Tita e Gerana: A autora agradece os comentários.
Lindo! Poema efêmero. A Lua sempre nos inspira essa literatura metafísica, impar e sonhadora.
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