quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

QUASE SAUDADE






Gláucia Lemos




Não sei para que hoje tanta luz.
Um delírio azul de luz,
um exagero de lua,
na minha janela clara.

Tenho esta noite nas mãos,
na minha pele viva.
E ela me desperdiça.

Não sei para que hoje tanta noite.
Tanta que transborda das bordas do tempo.
...se não estás.

Eu me avesso de mim.
E tenho à minha frente este luar inútil,
inútil como ausência,
distância,
partida.




Gláucia Lemos tem mais de duas dezenas de títulos publicados e vários prêmios. É autora de, entre outros, A metade da maçã.
A foto é Lua Azul, de Cristiano's Photos, retirada do Flickr.

5 comentários:

Letícia Losekann Coelho disse...

Adorei o poema....lindo o ritmo...
O nome quase saudade ficou perfeito!!
beijos

Anônimo disse...

Um poema que é quase uma saudade, mas é totalmente sinestesia, poesia. Parabéns!

Anônimo disse...

Sinestesia é justamente um tema que eu tratei com Flamarion faz pouco tempo. É isso mesmo: todos os sentidos sendo clamados. Enfatizo os parabéns para Gláucia que, vez por outra, troca a prosa pela poesia e, aqui, nos oferece. Obrigada, querida.

Anônimo disse...

Pereira, Tita e Gerana: A autora agradece os comentários.

Alexandre Core disse...

Lindo! Poema efêmero. A Lua sempre nos inspira essa literatura metafísica, impar e sonhadora.