Hoje seria bom dançar, seria bom lembrar uma ciranda. Hoje, um soneto de Aramis Ribeiro Costa, do livro Espelho Partido.
CIRANDAS
-------------------Aramis Ribeiro Costa
Aquele anel que tu me deste e que era
De vidro se quebrou. Aquele amor
Que tu me tinhas (tinhas? Eu quisera!)
Era pouco, tão pouco, que acabou.
Ciranda, cirandinha em primavera
Parece coisa boba, sem valor
Mas a ciranda (ah!, controlar, quem dera!)
Foi rodando, e meus sonhos me levou...
Hoje inverno cirandas de uma espera
Na amargura de tempos sem calor
(Ah, cirandas, pará-las quem pudera
Salvando o que de sonhos me restou!)
Cirandas, cirandinhas a rodar
A volta, e volta e meia vamos dar...
Ilustração: A dança, de Henri Matisse (1869-1954).
17 comentários:
Lindo, Gerana!
Quanta delicadeza, quanta sensibilidade, de quem escreveu e de quem selecionou...
Grata, querida!
Beijo.
bello!
dancemos,dancemos...
besos*
Musicalidade que mexe com os sentidos e leva o leitor aa infância. Bastante agradável.
Beijo.
O escritor que tens por companheiro é poeta, contista, novelista, ou seja, completo.
(Ah, cirandas, pará-las quem pudera
Salvando o que de sonhos me restou!)
ficou bonito isso...pegou lá dentro de mim...e acho que de vc tbm!
Gerana, fique bem minha querida!
Faz tanto tempo (como semana passada)...lembro das minhas rodas e da importância de ter estado nelas.
Vim pessoalmente te conhecer, aliás, ganhou um poema de Carolina Caetano (que fala muito bem de você).
Um beijo
então cirandemos, entre as vagas de nostalgia e o céu sereno da mocidade, que tudo cabe nesta dança de evocações, maravilha
abraço
Escritor completo é Aramis Ribeiro Costa. Poema de uma musicalidade doce, envolvente.
Geraníssima!
"Os dedos entrelaçados
Nas crinas das palavras"
Esse Marcantonio é fera!
gostei da reletitura, muitomusical
adoro ler comentários seus no meu blog!
me sinto honrada, de verdade.
Muito obrigada!
Gerana,
É uma grande sacada fazer um soneto na idade adulta partindo de uma cantiga de roda infantil.
Abraço,
JR.
Beleza esta leitura reinterpretativa da ciranda. Nas estrelinhas, um sentimento triste, e ainda delicado, sem peso, leve, como a pedir ao tempo que devolva nossos sonhos mais caros, todos.
Grande abraço, minha amiga.
na cadência de versos que me remetaram a poemas de alguns modernistas brasileiros. Muito bonito, Gerana.
Um beijo.
Jefferson.
Leveza rítmica ideal, da que falaba Verlaine: a música antes que tudo...
viva a ciranda, viva as crianças, viva a alegria.
Gerana, sinto seu abraço e me faz bem
O soneto já conhecia, tem a marca pessoal de Aramis. Delicado, sensível. Merece a Ciranda que por sua vez traz a marca de Matisse, ritmo, movimento e cor. Um feito para o outro, dois artistas.
( Gerana, já leu no blog Da Condição humana, o comentário de Manuel sobre o Trilha de Ausências? )
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