Gerana Damulakis
Bernardo Linhares faz o que deseja com as palavras, com os versos e com as estrofes, com seus poemas: se resolve escolher o soneto porque o conteúdo condiz com a forma fixa, então, será um soneto perfeito — sempre penso que Sosígenes Costa adoraria os sonetos de Bernardo; se quer sutilmente usar o humor e a ironia, recorre a recursos finos, para o bom entendedor; se, mais uma vez, resolve encantar totalmente o leitor, recorre ao lirismo mais envolvente.Em quatro versos, o poema “Menina dos olhos” cria uma imagem tão rica e bela, que fiquei tentada a colocar aqui. Depois, pensei em “Sonho de valsa”, que já li várias vezes, pela criação especial. Mas, há ainda um dos perfeitos sonetos, há o "Pássaro dourado", para Hélio Pólvora etc, só que acabei escolhendo o poema que me toca mais de perto, porque antes de tudo o sentimento. De As Flores do Ocaso (Via Litterarum, 2010):
PRECE
-------Bernardo Linhares
Escutei o silêncio meu amor
da sua oração, celebrando a vida
num altar de espelhos.
Senti na sua boca
a ressurreição da carne
comungada num beijo.
Em devota posição, seu amor,
meu amor, me provaste de joelhos.
Ilustração: Cutting Origami, de Edmund Charles Tarbell (1862-1938).
24 comentários:
Realmente é tudo que disseste. (me sentí uma erege ao lembrar como escrevo, e uma devota ao admirar a perfeição do que lí).
Mas fiquei curiosa e desejosa de ler os outros dois que citaste.
beijos e boa semana!
gerana,
a beleza na escrita do poeta é tanta que acabou acontecendo comigo o mesmo que descreveu a mai... fiquei curiosa para conhecer os outros dois!
um beijo, querida.
Muito bem apresentaste o poeta - que não conheço. O poema é um encanto.
Também aqui houve experiências de concretismo e poemas visuais. Anna Hatherly, Mello e Castro...
Sabes, não foi ao acaso, eu queria falar de um problema bem concreto.
Beijinho e bom resto de Domingo
Um show, Gerana!
No mais, faço minhas as palavras da Mai, que sempre sabe muito bem o que diz...
Grande abraço, querida!
Também quero ler mais, Gerana. Todos de preferência.:) E esta ilustração, que coisa mais bonita. Um post perfeito para este meu final de domingo cinzento. Fiquei feliz.:) beijoos.
O mais belo é o ritmo do poema; música nos versos finais.
Pereira
Ah, junto-me às outras, Gerana, fiquei querendo ler os outros poemas.
Beijos e boa semana!
quedé sin plabras...leo y releo, en silencio.
besos*
Hahaha... Que lindo! Os mais religiosos devem ficar de cabelo em pé.
Beijo, querida Gerana
Belo altar para o amor. Belo texto.
Lá vou eu para o Google ver se acho os outros poemas. Isso não se faz, deixou todos com água na boca, Gerana!
Sou mais um a entrar na trilha da curiosidade!
Abraço.
Pedro disse:
uma beleza saber fazer versos assim.
De fato, eis um poema muito bonito.
uma imagem desenhada claramente. Gostei muito.
Beijos.
Jefferson.
Vou com os meninos googlear para amortecer a minha ignorância :)
beijos
realmente muito bom, excelente
abraço
Sublime, Gerana.
Tenha uma ótima semana.
Belíssimas palavras.
Acho que nunca tinha lido nada do autor.
Querida amiga, boa semana.
Um beijo.
Em seu livro, "As flores do ocaso", Bernardo nos apresenta uma poesia madura e admirável, onde forma fixa, aliada à livre cadência de ritmos, compõe uma das obras mais singulares de nossos últimos tempos por se tratar, principalmente, de um livro contemplativo, que nos apresenta uma postura positiva da vida e de toda a beleza que ela nos oferta dia após dia. Certamente, este é um livro que afirma a vida em seu melhor sentido e em sua melhor forma, porque é, acima de tudo, um livro de poemas e de grandes poemas, através de um incrível mosaico de signos, cores e versos que nada mais são que a tradução de uma das melhores virtudes que alguém, poeta ou não, pode ter: a Admiração.
Bernardo, um grande poeta!
De vez em quandoBernardo me envia uns poemas. Gostei imensamente deste.Um lirismo gostoso, bem sentimental. Gosto de poemas suaves.
O anônimo não tem nome: ninguém. Mas tem algo, covardia.
É mais do que claro que se trata de um poema erótico. E o mais interessante é como o poeta usou o erotismo do ato e fez analogia com a posição de joelhos, de quem está orando. Em nenhum momento, eu disse que é uma oração. É o poeta que, no título, sugere, com o paralelismo, que o leitor sinta sua idéia.
Belíssimo poema. Só não entendo por que um livro com poema de tamanha qualidade não tenha sido resenhado. Aliás, não soube sequer do dia de seu lançamento. Leio o jornal A TARDE diariamente. O que foi que aconteceu? Por que não divulgaram o lançamento do livro e não publicaram uma resenha do mesmo? É sempre a mesma turma, divulgada nos jornais! Os amigos de amigos de amigos. Bernardo Linhares, se não me engano, é um estreante, e, portanto, sem muitos contatos, imagino... Por isso mesmo merecia um cuidado maior por parte da mídia. Viciada mídia.
Nelson Vilaronga
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