Tenho o livro Caderno H, da Editora Globo, com dedicatória de Mario Quintana (o Mario é sem acento): "Para Gerana uma lembrança muito amiga de Mario Quintana
P. Alegre, Natal de 1990".
Tenho, portanto, uma jóia.
Cito Quintana quando uma mágoa leva um tanto de mim. O modo como o poeta coloca esses pequenos assassinatos, que vão levando aos poucos "qualquer coisa minha", resulta na conclusão de que "não é de uma vez que se morre".
Da vez primeira vez em que me assassinaram
Perdi um jeito de sorrir que eu tinha...
Depois, de cada vez que me mataram.
Foram levando qualquer coisa minha...
Primeira estrofe do soneto "DA VEZ PRIMEIRA EM QUE ME ASSASSINARAM"
Todos os poemas são um mesmo poema,
Todos os porres são o mesmo porre,
Não é de uma vez que se morre...
Todas as horas são horas extremas!
Última estrofe do "Pequeno Poema Didático"
Ilustração: Carlos Drummond de Andrade conversando com Mario Quintana, obra do escultor
Francisco Stockinger, Praça da Alfândega, Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil.
27 comentários:
Menina, você tem mesmo uma relíquia de presente, Quintana, tão querido. Todas as horas são horas extremas...cada segundo - e nós que não vemos?
Beijos
Confesso que Mario Quintana é uma lacuna em minha vida...Ainda não adentrei em sua obra como deveria.
Nossa, que relíquia! Quintana é o meu favorito. Bjs
Olá, Gerana,
Essas afirmações tão sofisticadas, que ditas como poesia em apenas duas quadrinhas são totalmente claras, precisariam de vários livros de filosofia para serem explicadas.
E talvez não fossem entendidas nem sentidas.
Abraço,
JR
Lindas esculturas, dois gigantes!E os eus morrendo pra dar lugar aos eus novos.
Um dos meus (pre)diletos...
Um dos meus (pre)diletos...
Vocêanda me homenageando sem saber. Drummond, depois Quintana... para mim, passarinho.
Se o gênio da lâmpada me concedesse desejos, certamente, um deles seria ter todos os meus livros autografados pelos seus autores.
Que belo livro você tem. Um livro tocado pela mão de quem o fez.
Gostei (tanto). Caderno H, mais um livro na lista.
Delícia...
Vc tem mesmo uma preciosidade.
beijo
Outra coincidência de leituras... Li estes numa antologia de Quintana, há 2 fins de semana, como preparação para a viagem a Porto Alegre. Domingo passado, fui no hotel onde ele morou; vi a réplica do quarto onde ele vivia. Tocante ver os livros espalhados pela cama, tocos de cigarro, embalagens de chocolate. Abraços.
Vc tem mesmo uma jóia... não é qualquer um que se pode vangloriar ter um livro do Mario Quintana (sem acento... rs...) com uma dedicatória.
É um grande escritor, admiro-o.
Querida amiga, bom fim de semana.
Beijo.
vc agora falou sobre um cara que eu amo, tenho todos os seus livros e suas gentilezas....
Ps-vc lembra de um progrma Tecendo O tempo, na ´rádio educadora fm? sobre poesia? lembra o nome da radialista que o apresentava
Que chique! Quintana é obrigatório. Com ou sem autógrafo. Ah! Estou sem jeito para falar dos relógios...rs Precisaria de umas duas laudas para explicar...rs
Bj
lembrança boa, sempre. Quintana foi poeta em todos os sentidos. abraço
Não posso falar de Quintana sem me lembrar de uns pretensos intelectuais gaúchos virando o nariz à menção do seu nome.
Quintana sobrevive apesar de tantos assassinatos.
Beijo.
Tens uma jóia! Mereces, todavia.
Admiro a desenvoltura com que apresentas estas recensões/divulgações.
beijinhos
Que relíquia a dedicatória do Quintana a você, Gerana. E que lindo é este poema, tão simples, mas tão profundo e verdadeiro. Conseguir expressar o oceano em uma simples gota, eis a maravilha de toda poesia. Grande abraço.
Que relíquia!
"Todos os poemas são um mesmo poema"... eu sempre soube que escrevemos sempre a mesma coisa, rascunhos, e feliz do poeta que consegue chegar ao ponto final.
Tão lindo e verdadeiro que doi na alma...
"Todas as horas são horas extremas!"
Ficou-me ressonando: cada día pode ser o último.
Esse autógrafo de Quintana é algo por demais valioso. Sua poesia é muito grande...
Ah, Gerana, esta postagem está linda, é tão bom rev(l)er Quintana...
Ele tem razão, não se morre de uma vez, vai-se morrendo todos os dias, todas as vezes que nos lancetam o coração. Quando exalamos o suspiro derradeiro, acho que nem há mais coração, só o vestígio do que foi.
Gerana
que jóia vc tem mesmo, eu tenho umas tbm, depois te conto.
Isso mostra bem o seu carater, é como um filminho da tua persona, e eu gosto de assistir, me encanta mesmo.
Quanto ao Quintana, olha só como ele sabia, como ela via, como é importante ler quem sabe ler a vida.
gerana,
tive os três diários poéticos de quintana, agendas encadernadas nas cores verde, azul e vermelho, nos anos de 1986, 1987, 1988, belíssimas, publicadas pela editora globo de porto alegre, ex rio gráfica editora, fundada em 1957. trazia para cada dia da semana um texto dele na forma de prosas poéticas, epigramas, poemas, anedotas, narrativas e críticas, todos inicialmente publicados no caderno h, que haviam sido publicados antes, semanalmente na coluna de mesmo nome primeiramente vinculada na revista província de são pedro, a partir de 1943. foi tão marcante para mim o contato com o poeta em um momento dificílimo de uma adolescência de batalhas entre o lúdico e o real por conta da inesperada orfandade e mudança de cidade, que minhas anotações para as datas das provas escolares, os dias importantes, os aniversários de meus amigos, os poemas incidentais, as tristezas eventuais até os íntimos ciclos femininos, tudo ficou mais leve pois o quintana se emprestou em uma função de amigo invisível e alegre que aliviava o peso dos dias e me encantava com suas ideias sobre as estações do ano, a aparência engraçada do anjo do guarda e um deus bem diferente do que eu imaginava! ele passou a ser um conhecido íntimo para mim e até hoje quando lei algo sobre ele ou quando o vejo em alguma citação tenho aquela sensação rever um grande amigo.
- fiz uma viagem através da sua postagem!-
ele é uma jóia e você tem uma jóia dele nas mãos, que maravilha!
um beijo!
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