quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Ó PAI


Gerana Damulakis

"Por que me abandonaste?"
Cristo


Qualquer dia, qualquer mês
e estou só.
Só as estrias de luz mostram o ar
carregando suas massas de partículas
redondas, tantas quantas são
as pessoas da multidão.
Lá fora é onde deve haver alguém.
Por que tarda?
Estou em plena tarde
sem perder o relógio de vista.
Preciso dizer-te isto, meu Pai,
que já vivo a minha tarde
e tenho medo.



Já editei neste blog o poema "Ó Pai". Mas é outubro, mês que levou meu pai, meu amor maior. Que imensa saudade, e dor. Quando escrevi este poema ele estava vivo e era a minha âncora, o meu pilar (um medo e ele resolvia) e poderia viver ainda (jamais ficou doente). Todavia há os acidentes de percurso. Fica mais difícil aceitar. Dá vontade de virar uma menininha e gritar: "Eu quero meu pai". Sem ele, eu sou nada, ou, por outra, sou lágrimas.

Foto "Cristo Redentor", Rio de Janeiro, uma das Sete Maravilhas do Mundo Moderno, de Leonardo Paris, retirada do Flickr.

7 comentários:

Kátia Borges disse...

Lindo poema, Gerana. Outro dia me peguei pensando como sinto falta de ouvir a voz de meu pai.

Fred Matos disse...

Belíssimo poema, Gerana.
Beijos

Anônimo disse...

Sinto isso na pele, Gerana, eu que perdi o meu aos 3 anos, e continuo a perdê-lo todos os dias. Muitas vezes em hora de perdição,que acontece por vezes, também me pego gritando em silêncio Eu quero meu pai. Seu poema diz tudo.

Anônimo disse...

A beleza da sinceridade. Muito comovente, Gerana.

Carlos Vilarinho disse...

Meu pai me faz muita falta, Gerana. Fiz homenagem a ele em meu livro e o farei sempre.

Goulart Gomes disse...

O alquimista Eliphas Levi afirmava que houve um erro de tradução na Bíblia. A frase correta, dita por Cristo na cruz, seria "Pai, ó Pai, quanto me glorificas!" Seja como, for, Glória aos Pais Nas Alturas e bem-aventurados os homens e mulheres de boa vontade.

Senhorita B. disse...

Tão bonito!
Bjs