quinta-feira, 4 de setembro de 2008

DOIS SONETOS: CAJAZEIRA E GLÁUCIA


MUSA

Luís Antonio Cajazeira Ramos

Nenhum perfume disse que chegaste.
Não houve sobressalto nem sinais.
Chegaste, assim como quem chega. E parte
de tudo parte, para nunca mais

achar o rumo, longe do que fui.
Resta de mim somente algo de novo,
muito antigo e completo, feito fogo
ou verdade, tão novo como luz,

cidade, paz, necessidade, pão...
Algo tão novo como tudo em vão.
E segue meu delírio a te seguir.

Nenhum perfume disse que partiste.
“E não partiste”, meu delírio insiste.
Perdido em ti, jamais dou trégua a mim.



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MUSA E SOMBRA

Gláucia Lemos

Nenhuma mágoa disse que partiste.
Não houve despedidas, ademais.
Partiste, assim como quem parte. E fica
em tudo um certo élan de não ter mais

outro rumo, distante do que é.
Resta de mim o antigo, ontem perdido,
já desfeito e incompleto, quase cinza
ou mentira, tão velho como fé,

travo e tristeza, dor e treva chã.
Algo que foi como esperança vã.
E busco em meu vacilo te buscar.

Nenhum sorriso disse que voltaste.
“E não voltaste”, impõe-se-me a verdade.
Perco-me em mim, na perda de te achar.

7 comentários:

Gerana Damulakis disse...

Um show de ambos: belíssimos os sonetos!

Kátia Borges disse...

Os sonetos são lindos, sim, e os dois estão muito bem na foto. BJ

Letícia Losekann Coelho disse...

lindíssimos!!

Anônimo disse...

Lindos sonetos!

Carlos Vilarinho disse...

Que beleza!

Anônimo disse...

Um show de construção. Afinadíssimos. Parabéns a ambos.

@David_Nobrega disse...

Gente...um dia aprendo a escrever assim!