sábado, 20 de setembro de 2008

DO 81 AO 90

Gerana Damulakis


81- Homem que é homem não dança, de Norman Mailer

82- O companheiro de viagem, de Gyula Krúdy

83- Nada de novo no front, de Erich Maria Remarque

84- O amanuense Belmiro, de Cyro dos Anjos

85- A montanha da alma, de Gao Xingjian

86- Trilogia (A vida breve, O estaleiro, Junta-cadáveres) de Juan Carlos Onetti

87- Mar morto, de Jorge Amado

88- Pedra Bonita, de José Lins do Rego

89- Rumo à estação Finlândia, de Edmund Wilson

90- Com o diabo no corpo, de Raymond Radiguet

TRECHO de Mar morto, de Jorge Amado (foto).

Lívia olha o mar morto de águas de chumbo. Mar sem ondas, pesado, mar de óleo. Onde estão os navios, os marinheiros e os náufragos? Mar morto de soluços, quedê as mulheres que não vêm chorar os maridos perdidos? Onde estão as crianças que morreram na noite do temporal? Onde está a vela do saveiro que o mar engoliu?E o corpo de Guma que boiava com longos cabelos morenos na água que era azul? Na água plúmbea e pesada do mar morto de óleo corre como uma assombração a luz de uma vela à procura de um afogado. É o mar que morreu, é o mar que está morto, que virou óleo, ficou parado, sem uma onda. Mar morto que não reflete as estrelas nas sua águas pesadas.
Se a Lua vier, se a Lua vier com sua luz amarela, correrá por cima do mar morto e procurará como aquela vela o corpo de Guma, o de longos cabelos morenos, o que marchou pela estrada do mar para o caminho das Terras do Sem Fim, das costas da Arocá."

2 comentários:

Anônimo disse...

Quanta poesia, meu Deus! Emociona. Preciso reler Mar morto.

Anônimo disse...

Sua lista, Gerana, me faz lembrar o formidável livro GÊNIOS de Harold Bloom. Nele, o único brasileiro listado é o Bruxo do Cosme Velho. Aprendi muito com Bloom, agora mais um pouquinho contigo. Evohé!