sábado, 9 de outubro de 2010

CIRANDAS


Hoje seria bom dançar, seria bom lembrar uma ciranda. Hoje, um soneto de Aramis Ribeiro Costa, do livro Espelho Partido.


CIRANDAS

-------------------Aramis Ribeiro Costa

Aquele anel que tu me deste e que era
De vidro se quebrou. Aquele amor
Que tu me tinhas (tinhas? Eu quisera!)
Era pouco, tão pouco, que acabou.

Ciranda, cirandinha em primavera
Parece coisa boba, sem valor
Mas a ciranda (ah!, controlar, quem dera!)
Foi rodando, e meus sonhos me levou...

Hoje inverno cirandas de uma espera
Na amargura de tempos sem calor
(Ah, cirandas, pará-las quem pudera

Salvando o que de sonhos me restou!)
Cirandas, cirandinhas a rodar
A volta, e volta e meia vamos dar...


Ilustração: A dança, de Henri Matisse (1869-1954).