terça-feira, 24 de novembro de 2009

GÊNIO É GÊNIO



Gerana Damulakis

Guardo na memória inúmeras conversas literárias com o escritor Hélio Pólvora e uma delas foi justamente sobre Vladimir Nabokov (1899-1977). Creio que na época eu estava lendo Pnin. Hélio me disse que ao ler Nabokov, sentimos a genialidade do escritor, há inteligência "borbulhando" no texto. Íamos para a Academia de Letras da Bahia. Estranho como guardamos até o local onde foi dito algo tão definitivo e com o qual concordamos.
Sou tão fanática por Nabokov que tenho até raridades, tais como Somos todos arlequins, A verdadeira vida de Sebastião Knight, O mago, todos precisando reedições.
Mas a Alfaguara Brasil está lançando hoje O original de Laura, com tradução de José Rubens Siqueira. Trata-se de um romance a partir de fichas deixadas por Nabokov. Nas instruções para sua mulher, Vera, ele pedia para o romance não ser publicado. Ela não teve coragem de destruir o livro que a morte do grande escritor russo interrompeu. Não destruiu e não publicou. Depois da morte de Vera, a decisão passou para o filho, Dimitri, que somente este ano resolveu publicar.
Como Nabokov foi um gênio, decerto valerá a pena a leitura do texto inacabado. Simplesmente porque o estilo estará presente, a inteligência "borbulhando" nas páginas estará presente; enfim, a genialidade estará presente.