terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

A LENDA DE RASPUTIN


Gerana Damulakis


Não gosto de ler sobre História. Na verdade, não gosto de ler o que não seja Literatura. Mas, sou química. E é como química e como leitora que vou reproduzir uma história que li no livro de Jacques Bergier, Os impérios da química moderna. Trata-se de um fato muito interessante.

No final do período czarista da Rússia, um monge chamado Grigori Rasputin (foto), tornou-se uma figura muito influente na Corte imperial porque salvou o filho do czar, Alexei Romanov, da hemofilia. O místico caiu nas graças da czarina Alexandra Fedorovna, que passou a confiar cegamente no "mensageiro de Deus". Tanta influência começou a incomodar. Conspiradores patriotas, mas ignorantes em Química, colocaram cianureto de potássio num chá de limão destinado ao mago Rasputin. O mago bebeu o chá e, antes, ainda regou-o com uma boa vodca. Nada aconteceu, o chá era inofensivo para aquele homem protegido por forças sobrenaturais. Os conspiradores benzeram-se primeiro, depois mataram Rasputin a tiros de revólver; "por aqui é que eles deveriam ter começado", escreve Bergier.

A superstição, tornada histórica, tem explicação e acaba com a lenda de Rasputin. O ácido cianídrico e seus sais, especialmente o cianureto de potássio, são venenos violentos. Este tipo de venenos tem uma propriedade que os químicos conhecem bem: o cianureto de potássio, num meio quente e ácido (o chá de limão), se transforma em carbonato de potássio totalmente inofensivo.

Bergier conta que indicou o mecanismo químico do fenômeno a um dos sobreviventes da conspiração, um homem muito idoso que ele encontrou em Paris antes da Segunda Guerra, e que ficou completamente desolado. Este homem prometeu consultar Bergier na próxima vez que fosse envenenar alguém.