quinta-feira, 9 de julho de 2009

UM BOM LIVRO: COISA MARAVILHOSA

Gerana Damulakis


No blog de Maria Muadiê há um vídeo de Lobo Antunes dizendo que encontrar um bom livro é uma coisa maravilhosa. Por coincidência, estou lendo um livro de Alberto Manguel, escritor que levanta, durante a leitura, minha admiração por suas colocações. Estou lendo seu mais recente título, À mesa com o Chapeleiro Maluco, e me deparei com o mesmo assunto: o livro e o maravilhoso que há na leitura.
A importância do encontro entre o livro e o leitor vai longe. Manguel descreve o quanto o conto “Nasce um homem”, de Máximo Górki, se transformou “num lugar seguro”, num refúgio, para Milena depois que Kafka morreu.
Sigo com Manguel: “Para um leitor, esta pode ser a razão essencial, talvez a única justificativa para a literatura: que a loucura do mundo não nos tome por completo, mesmo que invada nosso porão (a imagem é de Machado de Assis) e depois, lentamente, vá tomando nossa copa, a sala e a casa inteira”.
E os exemplos: J. Brodsky, prisioneiro na Sibéria, encontrou essa justificativa nos versos de W. H. Auden; Oscar Wilde, preso, nas palavras de Cristo; Arenas, enquanto estava nos cárceres de Fidel, encontrou-a na Eneida e seguem mais exemplos.
Encontrei uma vez lendo Hamlet, encontrei outra vez em Daniel Deronda, de George Eliot, encontrei muitas vezes com algum livro de José Saramago entre as mãos. Os últimos três anos foram um mergulho diferente na literatura japonesa e encontrei aí também, seja com Kawabata (ressalto Beleza e Tristeza, mas pode ser com qualquer título dele: sempre leitura grandiosa), seja com Murakami (ressalto Kafka à beira-mar). Que sorte a minha: vivo encontrando bons livros, boas escapatórias. Coisa maravilhosa!

Foto: Yasunari Kawabata, Nobel de Lieteratura de 1968.