quinta-feira, 29 de abril de 2010

LEMBRANÇA DE QUINTANA (1906-1994)

Gerana Damulakis

Tenho o livro Caderno H, da Editora Globo, com dedicatória de Mario Quintana (o Mario é sem acento): "Para Gerana uma lembrança muito amiga de Mario Quintana
P. Alegre, Natal de 1990".
Tenho, portanto, uma jóia.
Cito Quintana quando uma mágoa leva um tanto de mim. O modo como o poeta coloca esses pequenos assassinatos, que vão levando aos poucos "qualquer coisa minha", resulta na conclusão de que "não é de uma vez que se morre".


Da vez primeira vez em que me assassinaram
Perdi um jeito de sorrir que eu tinha...
Depois, de cada vez que me mataram.
Foram levando qualquer coisa minha...

Primeira estrofe do soneto "DA VEZ PRIMEIRA EM QUE ME ASSASSINARAM"

Todos os poemas são um mesmo poema,
Todos os porres são o mesmo porre,
Não é de uma vez que se morre...
Todas as horas são horas extremas!

Última estrofe do "Pequeno Poema Didático"


Ilustração: Carlos Drummond de Andrade conversando com Mario Quintana, obra do escultor
Francisco Stockinger, Praça da Alfândega, Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil.