sábado, 7 de junho de 2008

A PALAVRA

Gláucia Lemos





Tarda
e se faz longe e tarda.
Para cá do âmago do meu sacrário
e foge,
palavra úmida do escondido soluço.



Viesses
como rebentação viria,
grito de cataclismo,
ou rio,
a escandir sobre a tela pautada,
teu ritmo de dor.


Viesses,
fogo em coivara a estalar,
ou frágil flama em lenho de fogueira.
Viesses,
casca a ragar-se da amêndoa,
inflamando ignota e vívida.



E após tua voz no traço
- sangue impresso -
o silêncio,
vencendo a agonia do silêncio,
seria
a perseguida paz.











Gláucia Lemos é ficcionista premiada e tem mais de 20 títulos publicados, mas o blog está em tempo de poesia. Foto de Rodolfo Oliver, retirada do Flickr.