domingo, 14 de setembro de 2008

TUDO ESTÁ NA LITERATURA: FRASES QUE, LIDAS, FICAM ESCRITAS EM MIM



"Eu só tinha um pensamento que, mais do que um pensamento, era a ferida que englobava tudo: meu pai".

Elias Canetti (1905-1994)
Prêmio Nobel de Literatura 1981

DE 61 ATÉ 70


Gerana Damulakis


61- Moll Flanders, de Daniel Defoe

62- Corpo vivo, de Adonias Filho

63- Minha querida Sputnik, de Haruki Murakami

64- Trilogia + um (Espere a primavera, Bandini; Pergunte ao pó; Sonhos de Bunker Hills e, postumamente publicado O caminho de Los Angeles), de John Fante

65- Memórias de um Sargento de Milícias, de Manuel Antônio de Almeida

66- Recordações do Escrivão Isaías Caminha, de Lima Barreto

67- O cortiço, de Aluízio Azevedo

68- Ah, até parece o paraíso, de John Cheever

69- Anna Kariênina, de Liev Tolstói

70- Equador, de Miguel Sousa Tavares

TRECHO de Anna Kariênina, de Tolstói (foto): aqui, apenas a primeira frase do romance bastará. No romance encontram-se, inclusive, parágrafos que seriam escolhidos, mas a primeira frase de Anna Kariênina é, para mim, a melhor primeira frase de todos os romances que li; inesquecível, portanto antológica.

Todas as famílias felizes se parecem, cada família infeliz é infeliz à sua maneira.

A CULPA É DOS FRANCESES!



Gerana Damulakis

Na posse do contista Hélio Pólvora para a Academia de Letras da Bahia, o discurso de recebimento foi feito por James Amado para seu, daí para a frente, imortalidade incluída, novo confrade. James Amado começou sua fala dizendo: “A culpa é dos franceses!”. E seguiu, após longo silêncio, justificando a exclamação, pois foram os franceses que inspiraram, com sua Academia, a que Machado de Assis veio a fundar. Nesta linha, os baianos também fundaram a sua, a ALB.
Outro dia, eu e Aramis Ribeiro Costa, estávamos relembrando este fato, que se tornou antológico no arquivo de minhas lembranças. Horas depois, ou dias, não sei, senti uma necessidade de ler alguma coisa que satisfizesse determinados anseios, e terminei concluindo que eu precisava de tal leitura, mas disse em voz: “A culpa é dos ingleses...”. Agora, virou vício, porque tenho necessidade de certas literaturas de acordo com meus estados de ânimo, assim como uma pessoa com pressão baixa precisa de sal, e, então, ao examinar o que me falta, arremato a conclusão e digo de quem é a culpa. Ultimamente a culpa tem sido amiúde dos japoneses.
Hoje, no entanto, senti muita vontade de encontrar as palavras do Bruxo, talvez porque seja setembro e, logo, no dia 29, se dará o centenário da morte dele. Daí que, como eu gosto de homenagear os escritores com o ato mais lógico, lendo-os, preciso realizar o desejo. E não sei o que lerei, já li toda sua obra e reli muitos romances e contos e crônicas. Sei que preciso encontrar o brilho daquelas frases, a maestria na construção do texto, a ironia latente... a culpa é de Machado!