terça-feira, 14 de julho de 2009

O CONTO NA BAHIA

Gerana Damulakis


Para acompanhar o conto na sua evolução cronológica percebe-se que ao fim e ao cabo o que resulta é uma listagem dos contistas dentro do século XX. Isto traz um risco que seria o abandono do liame histórico, mas as poucas histórias da literatura baiana, inclusive a afamada História da Literatura Baiana, de Pedro Calmon, deixam claro que até o século 19 a poesia predominou absoluta.
Eventualmente se publicavam contos em revistas literárias, porém, a primeira grande expressão da prosa de ficção baiana, com romances e livros de contos editados, foi Xavier Marques. Nascido no ano de 1861, morreu em 1942, tendo uma vida literária ativa dentro dos novecentos e, de resto, toda realizada na Bahia, mas alcançando importância nacional. Xavier Marques foi eleito membro da Academia Brasileira de Letras, tornou-se popular e conheceu a glória pelo valor exclusivo de sua obra. Autor de romances e novelas, entre elas a famosa Jana e Joel (1899), por ele próprio denominada de "idílio piscatório", reuniu seus contos nos volumes: Simples Histórias (1886), seu livro de estréia na prosa, A Cidade Encantada (1919) e Terras Mortas (1936).
Para Eugênio Gomes, "sobre Xavier Marques pesa a indeclinável responsabilidade de haver produzido A Arte de Escrever, a única teoria do estilo elaborada, em nossa língua, por quem deu, em suas obras, o exemplo pessoal de escrever à perfeição" (Gomes, Eugênio: "Os setenta anos de Jana e Joel", à guisa de prefácio de Praieiros. Salvador: GRD, 1969).
A sua ficção revela, sobretudo um fixador de tipos e de paisagens, onde predominam o mar e os saveiros da Bahia. Não há como deixar de fazer tal registro aqui.


Foto: "Saveiros", por Bira Freitas, retirada do Flickr.