domingo, 17 de maio de 2009

CONVITE


Livro conta a história do “Camarada Engenheiro”
- Comunista histórico, Luiz Contreiras foi preso e torturado devido às suas idéias.
A trajetória de vida e a militância política do engenheiro Luiz Fernando Contreiras de Almeida, no Partido Comunista do Brasil, é o tema do livro Contreiras, Camarada Engenheiro – uma história de luta e coerência, que o jornalista e escritor Elieser Cesar, lança, no próximo dia 22, às 18h, no Centro Cultural da Câmara de Vereadores, na Praça Municipal em Salvador. Depois de uma novela (O azar do goleiro, já na quarta edição), dois livros de contos (O escolhido das sombras e outras histórias), uma coletânea de poesia (Os cadernos de Fernando Infante) e um livro de ensaio ( O romance dos excluídos – Terra e política em Euclides Neto, fruto de sua tese de mestrado), Elieser Cesar, detentor de vários prêmios de reportagem, traz, agora, um livro-reportagem. “Trata-se, acima de tudo, de uma grande reportagem no estilo perfil, escrita com as técnicas do chamado jornalismo literário”, ressalta Elieser Cesar.
Elieser Cesar conta que o livro, publicado pela Editora Caros Amigos, nasceu de uma encomenda da família de Luiz Contreiras, para homenagear seus 85 anos de idade. “Como jornalista, percebi que a trajetória de Contreiras tinha como pano de fundo as lutas populares da Bahia, sobretudo o enfrentamento ao golpe militar de 1964, que teve no engenheiro e em sua mulher, a ex-deputada estadual Amabília Almeida, opositores de primeira hora. Esse ingrediente foi um motivo a mais para escrever a história de um homem que acreditou no comunismo, mas que viveu tempo suficiente para reciclar suas idéias, sem jamais abandonar os ideais de justiça social”, dizo autor.
“Luiz Contreiras sempre foi um homem movido a paixões. Se como engenheiro ajudou a abrir estradas, construir pontes e prédios, como comunista convicto foi, além de tudo, um construtor de utopias, essa matéria impalpável que tem a mesma volatilidade dos sonhos. Viu ruir o projeto do socialismo democrático, solapado pelo socialismo real, com a centralização burocrática do poder estatal e o Estado policialesco, sobretudo na antiga União Soviética e nos Estados satélites do Leste Europeu. Testemunhou a queda do Muro de Berlim e a extinção da URSS. Porém, jamais abdicou da crença no socialismo democrático e nos ideais de liberdade, igualdade e fraternidade,
tributários da Revolução Francesa”, diz o escritor, na introdução do livro.
“Contreiras, Camarada engenheiro” traz também depoimentos de companheiros de luta de Luiz Contreiras, como o ex-deputado federal Fernando Sant’Anna, decano dos comunistas baianos, o ex-prefeito de Salvador, Virgildásio de Sena, o empresário João Falcão, a esposa, Amabília Almeida, e amigos de outra geração, como o deputado federal Emiliano José, o cientista político Paulo Fábio Dantas e os advogados Dida Santiago e George Gurgel, dentre outras personalidades.


Trecho:
“Quem são mesmo esses homens barbudos, cabeludos e sujos, com cara de maus, que chegam como donos da cidade, do destino, da vida e da morte das pessoas simples? Forasteiros de passagem? Bandidos perigosos? Vão logo embora, sem deixar rastro ou saudades, como os ciganos? Que querem esses estranhos, na cidadezinha pacata? Dinheiro? Judiar dos pobres e dos bichos? Levar toda a comida e o rebanho? Tocar fogo nas casas? Pior se resolverem raptar as mulheres, deixando os homens sem esposas, os pais sem filhas e os filhos sem mãe... Não podem ser de paz, se chegam fortemente armados e prontos para a guerra.
Muitos pensamentos ruins confundiram a cabeça dos moradores do lugar (pouco mais de 800), quando, depois de palmilhar centenas de municípios brasileiros, enfrentando as forças legalistas, os jagunços dos coronéis e as volantes sertanejas, os homens da Coluna Prestes, sedentos e esfomeados, entraram na pequena Rio de Contas, na Chapada Diamantina”.
Elieser Cesar