segunda-feira, 12 de maio de 2008

DO AMOR I



Manuel Anastácio

Amor,
Minha só e única razão
para chorar o eterno deserto
interno em mim.
Minha só e única razão
Pensamento e fim:
Fizesse eu de luz o poema
que deveria, por maior razão, nos teus olhos se reflectir
e limitar-me-ia a descobrir,
ainda mais,
a minha boçal, trivial, banalidade.

É por isso,
por mero egoísmo,
e medo de te perder,
de nos perder,
que prefiro a escuridão dos caminhos abertos pelas palavras.




Manuel Anastácio assina o blog Da Condição Humana (http://literaturas.blogs.sapo.pt/): há entrada para ele diretamente do leitoracritica.blogspot.com/, na coluna “Favoritos”. Tal como Saramago exige, que a ortografia portuguesa seja conservada, ainda que o livro esteja circulando aqui no Brasil em edição da Companhia das Letras (editora brasileira), também conservei, no texto de Manuel Anastácio, a ortografia usada em Portugal, daí o “reflectir”.

A foto é Labirinto do amor, por Felipe Arte, retirada do Flickr.