domingo, 28 de março de 2010

PERSONAGENS INESQUECÍVEIS: LEONARDO E BLIMUNDA SETE-LUAS


Gerana Damulakis

Tenho uma quantidade enorme de personagens inesquecíveis que, de uma forma ou de outra, me habitam. Mas tenho minhas preferências, ou aqueles que mais me marcaram. Muitas vezes sequer entendo a razão.
Ficarei, por enquanto, na literatura de língua portuguesa.
O personagem masculino que não me deixa: Leonardo, do romance Memórias de um sargento de milícias, de Manuel Antônio de Almeida (1831-1861). Publicado em livro em 1854 (primeiramente saiu como folhetim no Correio Mercantil do Rio de Janeiro), a linguagem direta e ágil contribui para que as andanças do personagem Leonardo sejam muito vivas e levem o leitor por ruas e peripécias. Leonardo, filho de Leonardo-Pataca e Maria-da-Hortaliça, nascido de uma amor que começou depois de uma pisadela e um beliscão, é um herói picaresco, um herói às avessas.
Para mim, foi um deleite quando Ruy Castro publicou Era no tempo do rei - Um romance da chegada da Corte (Alfaguara/Objetiva, 2007), trazendo o Leonardo de Manuel Antônio de Almeida para participar do romance, em outras andanças, desta feita, com Pedro, o futuro imperador.
Portanto, meu personagem inesquecível, o que primeiramente rememoro e cito seu nome como símbolo de um personagem que me encantou é Leonardo.
Agora, a feminina: aquela que instigou, criou cumplicidade, fascinou meus olhos durante a leitura foi Blimunda Sete-Luas, de Memorial do Convento, romance de José Saramago (1922- ), publicado em 1982. Possuidora de capacidades, tal como a vidência do interior das pessoas, ela faz a colheita das vontades. Inesquecível.
Portanto, meu personagem inesquecível do universo de mulheres que povoam a literatura de língua portuguesa é Blimunda Sete-Luas.

Deixe nos comentários seus personagens preferidos (um masculino, outro feminino) da literatura de língua portuguesa. Vou adorar saber quem são eles.

Ilustração: Rafal Olbinski.

sexta-feira, 26 de março de 2010

WELLADAY,WELLADAY!

Gerana Damulakis

O poema abaixo foi retirado do volume Música de Câmara (Iluminuras, 1998), de James Joyce, tradução de Alípio Correia de Franca Neto. Primeiro livro publicado pelo autor de Ulisses, nada acrescenta, nada diminui, serve como uma curiosidade genética em torno da obra de Joyce, ainda que vista como uma poesia de segunda ordem.

IX
Ventos de maio, em dança mar afora,
Dançando lá numa giranda em glória,
De sulco em sulco, a espuma esvoaçando
Ao alto, até tornar-se uma guirlanda
De arcos prateados que atravessam o ar -
Não viram meu amor nalgum lugar?
------Malandança, malandança!
------Ah, ventos de maio em dança!
Amor é triste se amor está a distância!



Ilustração: Gisèle Freund, James Joyce lendo, 1939.

quarta-feira, 24 de março de 2010

SATISFAÇÃO GARANTIDA


Gerana Damulakis

Acompanho (lendo, é claro) todos os títulos de Enrique Vila-Matas (1948- ) que são traduzidos pela Cosac Naify e finalizo as leituras sempre completamente satisfeita. Por que? Por conta do estilo, é a resposta usual. Tudo é questão de haver empatia ou não com o estilo do escritor. O espanhol Vila-Matas me seduz, me envolve em suas digressões (ele gosta de criar uma vizinhança da ficção com o ensaio) e me deixa com uma sensação de que li o que gostaria de ter escrito. Mais um título que leio agora, ainda pelo meio, mas sabendo que é satisfação garantida: Doutor Pasavento (Cosac Naify, 2009).

Agora sou mais que um discreto literato escondido, um narrador de escrita privada que olha da janela para o vazio e para o mar, e que sabe que, se uma pessoa observa durante muito tempo o abismo, o abismo acabará por observá-la também.
Enrique Vila-Matas in Doutor Pasavento

domingo, 21 de março de 2010

UM POEMA (UMA LIÇÃO) DE SIDNEY WANDERLEY

UMA LIÇÃO
-----------Sidney Wanderley

Não tornes a mirar o que passou
– ensinam-no Orfeu, a mulher de Lot,
e Admeto, um dileto amigo meu,
que em lágrimas danou-se a contemplar
nossa cidade em chamas e desconsolo.
Um trem rubro e raivoso o alcançou.

Saudade é para dentro, não para trás.
Não tornes a mirar o que passou.
O que passou, passou
e não há mais.

quarta-feira, 17 de março de 2010

UM CONTO DE CARLOS RIBEIRO


DIANTE DO FAROL

Carlos Ribeiro

O homem, sentado numa pedra, diante do mar e do farol de Itapuã, remói velhas cismas, quase ele mesmo uma pedra, uma dessas rochas milenares sobre a qual, desde tempos imemoriais, o mar lambe e lava em seu vaivém incessante, acrescentando-lhe memórias ancestrais. Memórias ancestrais... De repente aflora-lhe à mente acontecimentos e imagens que pensava ter esquecido: a face de sua mãe quando lhe tomou nos braços pela primeira vez, a atmosfera mágica da casa em que viveu, em Itapuã, nos anos sessenta, seu primeiro sonho, o corredor que parecia não ter fim, o silêncio no quarto quando brincava no final da tarde, o cheiro dos sargaços, o cheiro das mangabas, o cheiro dos cajus e do mato molhado pelo sereno, uma lavadeira que cantava, o estranho e misterioso som das palavras, a espantosa descoberta da dor, a surpresa de estar alegre, a mesa do café, a família sentada à mesa, o despertador tocando na madrugada quando seu irmão mais velho saía para o serviço militar, em 1970, quando Lamarca aterrorizava os quartéis, o seu desejo de também servir o exército e que, depois (felizmente), perdeu, a vizinha que o amava, os carros passando nas ruas e nos viadutos, o cheiro do óleo em uma oficina mecânica em Nova Brasília, sua bicicleta, seu primeiro livro, seu primeiro carro, seu filho. Caminha com ele de mãos dadas pelo seu passado e de repente vê que ele é a criança.
Salvador, a cidade, a cidade ensolarada, que tanto aprendera a amar, dera-lhe o privilégio de andar de mãos dadas com a criança que foi. Mas de que adianta lembrar do que não é mais?, questiona. Prefere sair sozinho, caminhando, com as mãos no bolso, pelas ruas molhadas e voltar para casa e dormir. E sonhar com um homem que todos os dias percorre o mesmo caminho para nunca chegar a lugar algum. Mas eu posso chegar a algum lugar!, diz o homem. Veja esta casa, é a casa do meu avô, a mesma que conheci quando meu pai me levou pela primeira vez ao interior, em Conceição do Jacuípe, com seu DKW branco, que logo mais se tornaria um monte de ferro retorcido com marcas de sangue e gritos, gritos que nunca ouvi, porque eu não estava lá, naquele fatídico dia 7 de julho de 1973, no momento exato em que uma camioneta em alta velocidade saiu da estrada e acertou em cheio o carro, no qual estavam meu pai, minha irmã, de 11 anos, e meu irmão, de 3, numa curva de Amélia Rodrigues. Ele só teve tempo de dizer: “Nossa Senhora!” e se foi, e acho que seu último pensamento foi este: Nossa Senhora... e se lhe dessem tempo, pensaria também: “Isto não pode acontecer. Os meus filhos... Os meus filhos...” e o silêncio seguido de passos e de vozes das pessoas que se aglomeravam em volta do carro. Alguém fez massagens no seu coração, mas era tarde demais, e levaram as crianças para o hospital de Feira de Santana. E eu estou sentado na varanda da casa antiga do meu avô Tranqüilino – um sertanejo duro e espigado nos seus metro e oitenta, na sua careca e bigode alvos, na sua bondosa rispidez, na mão aleijada (por uma bomba de São João) que segurava o charuto sempre aceso, no jeito de olhar pela janela, vistoriando o tempo, no câncer que lhe destruiu a boca e a laringe, naquela ausência...
– Meu avô – digo eu na cozinha da casa rústica, olhando o reflexo bruxuleante do candeeiro nas paredes da casa. – Então eu sou obrigado a lhe dar essa notícia, que o seu filho, que o meu pai, que ele...
Oh, mas eu já não podia lhe dar a notícia. Meu avô já havia morrido muitos anos antes. Ele entra no recesso escuro da casa, lá onde fica a escuridão mais escura, e em toda a casa larga e extensa, em toda a casa com suas profundidades, em toda casa com suas memórias, em toda a casa com o seu obscuro passado, só há esse candeeiro que ilumina essa parede próxima a mim, e nada mais se mexe na casa além de uma lagartixa branca, quase transparente, que salta sobre uma das inúmeras formigas de asa que pululam incessantemente na parede – e tudo o mais é tão quieto e silencioso...
Veja: o carro ainda está lá, monte de ferros retorcidos, as frutas (jacas, mangas, laranjas, limas, limões) esparramadas no asfalto, e o carro – meu avô, meu avô, digo para o quarto escuro, mas ninguém responde –, e eu me lembro da alegria que tivemos, quando meu pai chegou com o carro, pela primeira vez. Morávamos ainda naquele apartamento apertado e infinito do Taboão, num tempo em que Salvador tinha aquele colorido suave de tons pastel, que saveiros e baleias passavam no horizonte calmo, que papa-figos aterrorizavam criancinhas, que a cidade mergulhava seus filhos em sua doce quietude.
Caminho para a varanda e vejo a lua branca cheia iluminando as roças de milho e os pés de lima e aquela jaqueira que ficava bem defronte à casa do meu avô. É tudo tão passado, penso. E, então, eu dormi, numa noite remota, na casa em Itapuã, onde veraneávamos, dentro do carro, na cama improvisada por minha mãe com cobertores grossos e travesseiros e lençóis, na garagem, e a minha mãe dizendo: “Deixe o vidro aberto para entrar ar”. E dormi, como Jonas na baleia, ali no ventre daquela estranha máquina que passaria, com o tempo, a fazer parte da família, juntamente com os passarinhos do meu pai, o gato, o cachorro, o cágado e a coleção de revistas em quadrinhos do meu irmão.
E eu não sabia ainda que eles não eram eternos.

Ilustração: Farol de Itapuã, fotografado pelo escritor Marcus Vinícius Rodrigues.

RETORNO DOS ENCONTROS LITERÁRIOS NA ALB


terça-feira, 16 de março de 2010

PARABÉNS PARA MANUEL ANASTÁCIO

Gerana Damulakis

O poeta Manuel Anastácio, do blog Da Condição Humana, está fazendo anos neste 16 de março. Um dos primeiros amigos que encontrei na blogosfera, sua poesia me encantou e encanta e a amizade virtual foi crescendo no mesmo passo que a admiração. Vale conferir no endereço, seu lugar não apenas para a poesia, também para suas indignações, pontos de vista acertados etc.
Manuel: tudo de bom para você, de coração.

GOSTO DE... ERVAS
-----------Manuel Anastácio

Em vez do ramo de flores
Que não te ofereço
Porque uma flor cortada
É um membro da terra decepado,
Ofereço-te um ramo de dores ardentes
Em amarelo iluminado.
São já tuas as flores
Em mim nascentes,
Porque em mim nada floresce
Que a ti não deva as sementes.


Dedicatória do poema: Para a Carla, como todos os poemas de amor que alguma vez escreverei. MA
18/ 10/ 2008
Ilustração: foto realizada por Manuel Anastácio.
Urze e Helianthemum nummularium. Monte do Merouço, Aldeia de Carreira, Sobradelo da Goma, Póvoa de Lanhoso.

domingo, 14 de março de 2010

MADRIGAL MELANCÓLICO

Gerana Damulakis

Um dos poemas mais belos de Manuel Bandeira. Um dos poemas mais intensos, talvez por conta da percepção, triste e bastante melancólica, do quanto é efêmera a beleza, do quanto o que vale mesmo é a vida mesma. Com seu talento ímpar para tocar o coração do leitor, Bandeira sempre seduz, mergulha em nossa essência, impregna a nossa mente de poesia.

MADRIGAL MELANCÓLICO
--------------------Manuel Bandeira


O QUE EU ADORO em ti,
Não é a tua beleza.
A beleza, é em nós que ela existe.

A beleza é um conceito.
E a beleza é triste.
Não é triste em si,
Mas pelo que há nela de fragilidade e de incerteza.

O que eu adoro em ti,
Não é a tua inteligência.
Não é o teu espírito sutil,
Tão ágil, tão luminoso,
- Ave solta no céu matinal da montanha.
Nem é a tua ciência
Do coração dos homens e das coisas.

O que eu adoro em ti,
Não é a tua graça musical,
Sucessiva e renovada a cada momento,
Graça aérea como o teu próprio pensamento.
Graça que perturba e que satisfaz.

O que eu adoro em ti,
Não é a mãe que já perdi.
Não é a irmã que já perdi.
E meu pai.

O que eu adoro em tua natureza,
Não é o profundo instinto maternal
Em teu flanco aberto como uma ferida.
Nem a tua pureza. Nem a tua impureza.
O que eu adoro em ti – lastima-me e consola-me!
O que eu adoro em ti, é a vida.


Bandeira, Manuel, "Madrigal Melancólico", in Poesia Completa e Prosa (Nova Aguilar, 1993).

quinta-feira, 11 de março de 2010

POUND E WHITMAN: UM PACTO



Gerana Damulakis

Ezra Pound fez um poema para declarar um pacto com o poeta Walt Whitman, depois de ter sido seu crítico por muito tempo. Lá, no blog Mínimo Ajuste, coloquei um poema de Whitman e, a seguir, também farei uma postagem com Ezra Pound: para manter o pacto.

UM PACTO

------------Ezra Pound


Eu faço um pacto com você, Walt Whitman –
Eu lhe detestei o suficiente.
Eu venho a você como um menino crescido
Que teve um pai cabeçudo;
Eu sou velho o suficiente agora para fazer amigos.
Foi você quem cortou a madeira nova,
Agora já é tempo de esculpi-la.
Nós temos a mesma seiva e a mesma raiz –
Que haja comércio, pois, entre nós.

Ilustração: Ezra Pound, painting by Wyndham Lewis, 1938-39. The Granger Collection, New York,

quarta-feira, 10 de março de 2010

UMA OFENSA, OU UMA CONSTATAÇÃO DIANTE DE CERTOS ABSURDOS?



Existem apenas duas coisas infinitas: o Universo e a estupidez humana. E não tenho tanta certeza quanto ao Universo.
Albert Einstein

terça-feira, 9 de março de 2010

HOJE, TERÇA-FEIRA: CONTINHOS PARA CÃO DORMIR II E TIO TOMÁS


Maria Sampaio e Paloma Amado em fim de tarde e noite de autógrafos: hoje, terça-feira, dia 9 de março, na Livraria Tom do Saber, no Rio Vermelho.

domingo, 7 de março de 2010

UMA POESIA IMPRESCINDÍVEL



Gerana Damulakis

Ignacio Vázquez, no seu blog Lisarda Baila Cumbia (http://lisarda.blogspot.com/), fez uma postagem para me apresentar a poesia de Robero Juarroz. Traduzi ligeiramente o poema que segue abaixo. Vale a pena adentrar e conhecer a poesia do argentino. Logo depois, lembrei que Gonçalo M. Tavares tem um volume intitulado O Senhor Juarroz (Casa da Palavra, 2007), da série: O senhor Calvino, O Senhor Kraus, O Senhor Walser, O Senhor Breton. Também vale a pena, a série é uma homenagem aos escritores.

Roberto Juarroz, Poesía vertical XI, 25 (1988)


Cada poema faz olvidar o anterior,

apaga a historia de todos os poemas,

apaga sua própria historia

e até apaga a história do homem

para ganhar um rosto de palavras

que o abismo não apague.



Também cada palavra do poema

faz olvidar a anterior,

se desprende um momento

do tronco multiforme da linguagem

e depois se reencontra com as outras palavras

para cumprir o rito imprescindível

de inaugurar outra linguagem.



E também cada silêncio do poema

faz olvidar o anterior,

entra na grande amnésia do poema

e vai envolvendo palavra por palavra,

até sair depois e envolver o poema

como uma capa protetora

que o preserva dos outros dizeres.



Tudo isto não é raro.

No fundo,

também cada homem faz olvidar o anterior,

faz olvidar a todos os homens.



Se nada se repete igual,

todas as coisas são últimas coisas.

Se nada se repete igual,

todas as coisas são também as primeiras.


A poesia de Roberto Juarroz (1925-1995) constitui uma presença indispensável nas letras argentinas. Publicou treze volumes de poesia, todos com o mesmo título de Poesía Vertical, mais o número da série. Em 1997, em edição póstuma, saiu Poesía Vertical XIV. Entre 1958 y 1965 dirigiu a revista Poesía=Poesía, onde, além do próprio Juarroz, publicaram Octavio Paz, Manuel del Cabral, Alejandra Pizarnik etc.

Ignacio Vázquez

sábado, 6 de março de 2010

UMA LEITURA RÁPIDA


Gerana Damulakis

Estou lendo O túnel (Companhia das Letras, 2000), do escritor argentino Ernesto Sabato. Estou lendo praticamente de uma sentada: capítulos curtos, linguagem que flui, história bem amarrada e instigante. E mais: certas reflexões sobre o ser humano e a sua existência em achados interessantes, colocados devidamente, sem mais, sem exageros.

É curioso, mas viver consiste em construir futuras lembranças...
Ernesto Sabato

quarta-feira, 3 de março de 2010

NORTE-AMERICANOS GENIAIS: HOPPER E FROST

Gerana Damulakis

Tenho paixões. Duas paixões norte-americanas são: o pintor Edward Hopper, cujo exemplo acima, Noctívagos, tenho uma reprodução, ou melhor, tenho duas reproduções pela casa, e o Poet Laureate Robert Frost (1875-1963). Há um poema de Frost, cuja beleza é impar, que nada se perde na tradução de Jorge Wanderley, inclusive a música dos dois últimos versos - na verdade, um mesmo verso repetido por necessidade do poeta; de saída, uma necessidade que sinto, como leitora.

PERTO DO BOSQUE, NUMA NOITE DE NEVE
-------------------Robert Frost

O dono dos bosques conheço, creio.
No entanto, mora na cidade, alheio,
E não verá que me detenho aqui
Olhando a neve que de noite veio.

A meu cavalo parece um engano
Que eu pare nestes ermos, sem um plano,
Entre bosques e lagos congelados
No entardecer mais sombrio do ano.

Agita a rédea, sinto seu chamado
Que me pergunta se está algo errado.
Além dele, ouço apenas a passagem
Da brisa leve e os flocos repousados.

O bosque escuro e fundo é bom de ver,
Mas eu tenho promessas a manter,
E há que andar muito, antes de adormecer,
E há que andar muito, antes de adormecer.

Ilustração: Edward Hopper (1882-1967), Nighthawks, 1942. Art Institute of Chicago