segunda-feira, 7 de setembro de 2009

DA REALIDADE I



"O gênero humano/ não pode suportar tanta realidade".

T. S. Eliot

"Quatro quartetos". In: Poemas. Trad. Ivan Junqueira.







Gustav Janouch, em Conversas com Kafka (Novo Século Editora, 2008), conta que visitou uma exposição de pintura numa galeria de Praga, acompanhando Kafka.

Diante das obras de Picasso, Janouch comentou que o pintor espanhol distorcia de próposito os seres , as coisas.

Kafka, um artista entendendo outro artista, disse: "Ele apenas registra as deformidades que ainda não penetraram em nossa consciência".

Foto: T. S. Eliot

CANÇÃO DO EXÍLIO

Pela melodia do poema que embala. Pela exaltação das maravilhas naturais. Pela saudade dos que, sendo brasileiros, não estão aqui (portanto, fora de lugar). E por já ter ido e já ter voltado, sei o quanto este poema tem seu momento.
Há 2 versos da "Canção do Exílio" no Hino Nacional. Pelo nosso 7 de setembro, quando o bonitão resolveu pela independência, escolhi os versos de:

Gonçalves Dias

Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.

Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar — sozinho, à noite —
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu’inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.