quarta-feira, 12 de agosto de 2009

PARABÉNS E ALEGRIA PARA LUÍS ANTONIO CAJAZEIRA RAMOS


Gerana Damulakis

Luís Antonio Cajazeira Ramos faz aniversário. Amigo,depois poeta. Assim o vejo. E não adianta ele desejar que seja diferente, que a poesia seja maior que a amizade. Ele é teimoso, que cara teimoso, mas foi sua teimosia que me tirou de casa no ano passado, quando inventou uma tal reunião mensal com um grupo pequeno, só para trocar ideias sobre literatura e fazer leituras em voz alta. Era junho, levei um tempão para sair de casa porque, desde a morte de meu pai, apenas Aramis conseguia que eu desse umas saídas rápidas, porém não mais Academia de Letras, não mais eventos literários, nada com muitas pessoas. O teimoso do Luís insistiu e insistiu. Era junho, ano passado, levei um tempão escolhendo a roupa, quase uma noiva. No meio do caminho, o celular tocou, era o teimoso perguntando a razão do meu atraso. Estou chegando, calma! Eu, meio eufórica, tinha conseguido sair. Melhorei muito de lá para cá. As reuniões todo mês. Graças a Luís, o teimoso.
Mas não gosto de Luís só por conta do episódio: o episódio é ilustrativo. Conheço-o de outros carnavais, há mais de dez anos. Ele escreveu para mim, no exemplar do livro Mais que sempre: “Gerana, a primeira pessoa a reagir com palavra escrita sobre minha palavra escrita. Isto é muito, é sempre, é mais que sempre”. Fiquei tão contente. Ele é teimoso, já escrevi várias vezes, está em tempo de outros indicativos: ele é justo, ele é amigo verdadeiro, não gasta sentimentos à toa. É, lembrei bem, ele é muito justo: sua característica maior.
Seja de Fiat breu, passando por Como se, depois Temporal temporal e Mais que sempre, de Luís Antonio Cajazeira Ramos poderia escolher vários sonetos, mas hoje é dia 12 de agosto, Luís nasceu porque dadas pessoas, lá atrás no tempo, se amaram. A escolha está feita.

AO AMOR
Luís Antonio Cajazeira Ramos

Meus bisavós maternos namoravam
de mãos dadas até já bem velhinhos.
Quando jovens juraram que se amavam,
e a vida nunca mais os viu sozinhos.

Vovó Iaiá e Pai Lulu gostavam
um do outro, tanto, que ninguém sabia,
depois de tanto tempo, se adoravam,
com tanta devoção, Jesus, Maria.

Ele, falante, um bom gourmet, um porto.
Ela, risonha, um bom crochê, conforto.
Ambos, um poema simples, claro e denso.

Não conheci nenhum dos dois. Que pena.
E mesmo assim a vida vale a pena.
Trago em meu sangue seu amor imenso.